quarta-feira, 22 de junho de 2011

Rejeitadas por 63% dos franceses, despenalização e legalização da maconha pautam pré-campanha presidencial




21 de junho de 2011
TERRA

As eleições presidenciais estão próximas na França. Faltam menos de 12 meses e os socialistas que apostavam na candidatura de Dominique Strauss-Kahn, preso nos EUA por acusação de estupro que vitimou uma camareira africana do hotel Sofitel de Manhattan, procuram um outro nome para concorrer e impedir a reeleição de Nicolas Sarkozy.
Para ocupar espaço na mídia, os socialistas franceses abriram debate sobre a despenalização e a legalização controlada da erva canábica.
Posto o debate nas ruas, o instituto Ifop de pesquisas foi contratado pelo jornal Dimanche para realizar consultas entre os franceses.
O resultado da pesquisa acaba ser divulgado: 63% dos franceses são contrários, quer com relação à despenalização do porte para uso próprio, quer quanto à legalização controlada da maconha e seus derivados. Manifestaram-se favoravelmente 36% dos consultados.
O direitista presidente Sarkozy continua a ser contrário à despenalização e à legalização controlada da maconha. No particular, tem posição igual à dos tucanos José Serra e Geraldo Alckimin, que sonham com a presidência da República. Sem pretensões eleitorais e não mais refém das bancadas evangélica e católica, Fernando Henrique Cardoso virou favorável às teses progressistas, em busca de palanque para manter a visibilidade.
Segundo o ministro do Interior da França, Claude Guéant, “não devemos abandonar a luta contra as drogas por ser ela difícil”. Claude Guéant, no ministério responsável pelasegurança interna, continuou a linha repressiva e violenta do seu antecessor, ou seja, o próprio Sarkozy.
Na Europa, a França só perde da Suécia em termos de legislação de proibicionismo duro. Ambos os países criminalizam e sancionam pesadamente o surpreendido na posse de droga proibida para uso próprio.
Essa crença de uma lei criminal para inibir a demanda nunca foi exitosa nas democracias ocidentais. E, nos Estados teocráticos, nem a ameaça de pena de morte consegue brecar a oferta de drogas proibidas.
Os franceses são os maiores consumidores europeus do haxixe traficado do Marrocos.
A propósito, o Marrocos é o maior produtor mundial de maconha, haxixe é óleo canábico.
O Produto Interno Bruto do Marrocos (PIB) é dependente do produto. E 96 mil famílias marroquinas dedicam-se e dependem economicamente do cultivo da erva canábica.
No marroquino Vale do Rif, principal região de produção, são cultivados 120.500 hectares de maconha.
Para a Europa, o Marrocos envia 2.700 toneladas de maconha e derivados.
PANO RÁPIDO. A União Europeia, da qual a França faz parte, recomenda a legislação portuguesa, que não mais criminaliza a posse para uso pessoal. Com a nova lei portuguesa, houve significativa redução de demanda. Em Portugal, o porte para uso é proibido como infração administrativa (não criminal).

Wálter Fanganiello Maierovitch

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