quarta-feira, 26 de agosto de 2009

America Latina caminha para descriminalizar uso de drogas

América Latina caminha para descriminalizar uso de drogas
(AFP) – Há 1 dia
BUENOS AIRES — A América Latina caminha para descriminar o consumo de drogas, com as recentes decisões de Argentina e México que acabam com anos de sintonia com as severas leis dos Estados Unidos contra as drogas.
Nesta terça-feira, o Supremo argentino descriminalizou a posse de maconha para consumo pessoal por parte de maiores de idade, sempre que não represente risco para terceiros, mas destacando que a medida não é "uma permissão legal para consumir indiscriminadamente" a droga.
Na semana passada, o Congresso mexicano aprovou uma lei que exime de prisão os consumidores de qualquer droga, sempre que a quantidade não exceda o limite estabelecido legalmente como dose pessoal, mas impõe um tratamento médico para dependente químico.
A reforma legal mexicana prevê que os consumidores poderão portar até 5 gramas de maconha, 500 miligramas de cocaína, duas gramas de ópio e 50 miligramas de heroína, entre outras drogas.
Após Argentina e México, o Brasil parece caminhar no mesmo sentido, com uma lei de 2007 que contempla uma flexibilização da pena por posse de droga, desde que o usuário assuma a dependência química e se submeta ao tratamento adequado.
Mas na legislação brasileira, o consumo e o porte de qualquer droga segue constituindo crime previsto no código penal, cabendo ao juiz decidir se a droga encontrada com o detido é para consumo ou venda.
O atual ministro brasileiro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendem a despenalização do consumo de maconha no Brasil.
Como parte das novas estratégias para combater o narcotráfico, Fernando Henrique Cardoso e outros ex-presidentes da região estimaram recentemente, em Washington, que a América Latina deve se desvincular dos Estados Unidos, que fundamenta o combate às drogas na repressão.
"Não precisamos estar sob o guarda-chuva dos Estados Unidos para combater as drogas", disse FHC durante a reunião de abril.
FHC e os ex-presidentes de Colômbia e México, César Gaviria e Ernesto Zedillo lideram o Grupo Drogas e Democracia na América Latina, que considera que a política de erradicar plantações, apreender drogas e criminalizar o consumo não deu os resultados desejados.
A proposta do Grupo é tratar os usuários como pacientes e se concentrar nos esforços contra o crime organizado, descriminando parcialmente o consumo de maconha.
No tema da descriminação, a Colômbia caminha na direção contrária, com a Corte Constitucional despenalizando em 1994 o porte e consumo de doses mínimas de alucinógenos, mas o governo de Alvaro Uribe promovendo a penalização de qualquer tipo de consumo, apesar de fracassar no Congresso.
A Venezuela também não é flexível e sua lei proíbe a posse e o consumo de qualquer tipo de droga 'ilícita', principalmente cocaína e maconha, e prevê penas de "um a dois anos" de prisão. Também proíbe a incitação ao consumo, com de "quatro a seis anos" de detenção.

Justiça Argentina rompe com legdo criminalizante e moralista da ditadura militar

26 de agosto de 2009
Maconha: Justiça da Argentina rompe com legado criminalizante e moralista da ditadura militar


Animadora a decisão da Justiça argentina que considerou sem relevância criminal a apreensão de pequena quantidade de droga para uso próprio e recreativo.

Essa decisão vem num momento em que o mundo civilizado busca novos políticas para o fenômeno das drogas, pois já percebeu o fracasso das políticas criminalizantes e militarizadas.

Até o novo czar antidrogas da Casa Branca, escolhida pelo presidente Barack Obama, já declarou a falência da “war on drugs”.

Por evidente, só falta o czar lembrar Obama que as bases militares que serão instaladas na Colômbia apóiam-se no surrado e falso pretexto do combate ao narcotráfico.

No Brasil, já faz algum tempo, a jurisprudência dos Tribunais adota a chamada doutrina da “bagatela” (insignificância), importada do direito italiano.

Essa doutrina nasceu de uma máxima do antigo direito romano, no sentido de a Justiça (pretor, diz o brocardo) não dever se preocupar com insignificâncias, ou seja, com fatos sem potencial ofensivo. Imagine-se alguém ser processado na Justiça por haver subtraído uma garrafa plástica vazia. Com efeito, não se condena no Brasil por insignificante apreensão de droga, para emprego pessoal. Aliás, nem o Ministério Público costuma apresentar denúncia criminal.

Uma segunda e importante questão foi debatida na Corte argentina, em momento que o Parlamento debruça-se sobre a reforma da lei sobre drogas e avança, timidamente, como ocorreu no Brasil, para não penalizar (imposição de pena criminal) a posse de droga para uso pessoal.

A propósito, a lei brasileira, no governo Lula, infelizmente, não descriminalizou a conduta do que é surpreendido a portar droga para consumo próprio. Nossa nova lei apenas não impõe pena de prisão (cadeia). Ao crime tipificado na nova lei impõem-se sanções alternativas à prisão.

No particular, Lula esqueceu do documento que em 1998 assinou e enviou ao secretário geral das Nações Unidas. Na ocasião, Lula, e outros subscritores de nomeada, pediam a reforma das criminalizantes convenções da ONU.

Por seu turno, o ex-presidente Fernando Henrique, numa lei que reclamou pela aprovação no Parlamento, manteve a criminalização do usuário e a prisão. Pior, FHC tratou no seu governo o dependente químico como pária, sem fornecer um mínimo para a sua recuperação.

Parêntesis. Não existe usuário irrecuperável e nem droga dada como proibida que não cause dano à saúde.

Na segunda questão enfrentada pela Corte de Justiça da Argentina reconheceu-se o direito à intimidade, no que toca ao usuário. Em outras palavras, tocou-se no direito à autodetermição e à livre escolha.

Na esfera privada, isolada, no recesso do lar, essa tese não tem como não prosperar.

No Brasil, a jurisprudência majoritária afasta o reconhecimento do direito pessoal por se entender que o problema afeta à saúde pública e não só ao usuário.

O ponto fundamental, muito discutido na Europa, é que os países civilizados não punem a autolesão. Aquele que se esfaqueia, por exemplo, não é processado criminalmente por lesões corporais.

Também não é processado criminalmente por tentativa de homicídio a pessoa que, sem sucesso, tenta se suicidar. Numa síntese, são vítimas de si próprias. E o usuário de droga é uma vítima de si mesmo, como o tabagista e o alcoolista (não é politicamente correto o termo alcoólatra). Portanto, a opção legislativa punitiva, criminalizante, é equivocada.

Alguns países, –com pleno acerto–, não mais criminalizam o uso pessoal, em certas condições: o maior de idade pode fumar maconha em cafés holandeses. Para fins terapêuticos pode-se, em cada casa, plantar até 5 pés de maconha, na referida Holanda.

Em Portugal, faz anos, o uso pessoal continua proibido. Mas é considerado apenas ilícito administrativo, como, por exemplo, jogar lixo na calçada de uma rua. Frise-se, o surpreendido na posse não é um criminoso, mas comete uma infração administrativa, fora da esfera policial-penal.

PANO RÁPIDO. A questão da legalização avança. E a grande discussão prende-se à fiscalização e ao monopólio. Melhor colocada a questão: o estado deve manter o monopólio da comercialização ou terceirizar e apenas recolher os tributos?

–Wálter Fanganiello Maierovitch—

domingo, 23 de agosto de 2009

FHC: Mundo sem droga é objetivo difícil de ser alcançado


FHC: mundo sem droga é objetivo difícil de ser alcançado
FELIPE WERNECK - Agencia Estado
RIO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje que "imaginar um mundo sem droga é um objetivo difícil de ser alcançado, é como imaginar um mundo sem sexo". A declaração foi feita na abertura da primeira reunião da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, realizada na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. Trata-se de um desdobramento da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, criada por Fernando Henrique e pelos ex-presidentes da Colômbia, César Gaviria, e do México, Ernesto Zedillo, que em fevereiro apresentou um documento propondo a descriminalização da posse de maconha para consumo pessoal."Qualquer pessoa razoavelmente informada e inteligente vai dizer que isso é inconsequente. Fomos propositadamente inconsequentes porque é um passo para que a sociedade possa entender e eventualmente dar outro", discursou ele, acrescentando em seguida: "Descriminalizar não é igual a liberalizar, que implica em legitimar. Mas como se pode descriminalizar e não legitimar? Temos que discutir. Não quisemos botar o carro diante dos bois na nossa comissão. Vocês, que não têm nenhum ex-presidente, podem botar o carro na frente dos bois à vontade, examinado com critério quais são passos que se seguem a uma primeira quebra de tabu."Para Fernando Henrique, a grande questão é não tratar usuários de drogas como criminosos. "Não estou dizendo que não deve haver combate. Mas a quem? Ao usuário ou ao traficante?" Segundo ele, a atual legislação do País é ambígua ao "abrir certo espaço para o arbítrio da autoridade policial ou membro da Justiça". Fernando Henrique disse que todas as drogas fazem mal à saúde, incluindo o tabaco e o álcool, mas algumas são reguladas e outras são estigmatizadas. Ele lembrou campanhas de prevenção da Aids realizadas em seu governo para dizer que campanhas pelo uso da camisinha também representaram uma "mudança de paradigma". "A nossa luta foi, em vez de sem sexo, com sexo seguro. Agora, a meta realista é reduzir o dano causado pela droga à sociedade e deslocar o foco da repressão para a prevenção."Para o historiador e membro da Academia Brasileira de Letras José Murilo de Carvalho, um dos 28 participantes da comissão, Fernando Henrique assumiu uma posição "corajosa" que "evidentemente dá credibilidade ao debate". Segundo ele, o simples fato de a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie ter aceito o convite para participar da comissão é um "excelente indicador". "A presença é muito importante e ela mostrou realmente muita abertura." Para José Murilo, no Brasil o "dano talvez seja causado mais pela violência do tráfico do que simplesmente pelo consumo de droga". Ele elogiou a experiência portuguesa de descriminalização. "Isso faz parte de um processo longo de convencimento. O que aconteceu com o cigarro é um negócio incrível. Em dez anos, mudou completamente a cultura." Para José Murilo, o grupo tem uma composição interessante, mas "está faltando jovens".

Experiências Médicas com canabinóides : Sem Fronteiras

23 de agosto de 2009
Maconha eficaz contra Câncer de Próstada.
walterfm1 às 12:00

O câncer prostático é apelidado de “killer” dos homens. Muitos homens fogem do exame do toque retal, que não é substituído pelo exame laboratorial conhecido por “PSA”: os dois são complementares.
Uma pesquisa realizada pela universidade Alcalá de Madri, na Espanha, demonstrou que duas substâncias químicas presentes na erva canábica têm o efeito de bloquear o crescimento de células tumorais da próstata.
Dois canabinóides foram estudados pelos espanhóis da universidade de Alcalá, ou seja, o “metanandamine” e o “Jwh-15”. Pelos resultados anunciados, eles atuam contra o tumor de modo a “bloquear um receptor sobre a superfície das células neoplásticas, impedindo a multiplicação”.
A pesquisadora Ines Diaz, em matéria publicada no British Journal of Cancer, informou haver realizado testes com ratos e constatado uma significativa redução da progressão tumoral.
Diaz explicou que os resultados não são definitivos e ainda serão necessários alguns anos para se aplicar testes em homens.
Para o diretor da revista Câncer Research Uk, Lesley Walker, ainda não é o caso de os homens começarem a fumar maconha para reduzir a progressão de tumor de próstata.
PANO RÁPIDO. O estudo realizado pela universidade de Alcalá de Madri é o primeiro a demonstrar as propriedades dos dois canabinóides supracitados.
Como se nota, o uso da maconha para fins terapêuticos se alarga, apesar da resistência dos adeptos de políticas proibicionistas, como era o caso do ex-presidente George W. Bush: ele foi à Suprema Corte para que declarasse inconstitucional lei estadual que permitia o consumo médico-terapêutico da maconha.
–Wálter Fanganiello Maierovitch–

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Entrevista com Glen Greenwald

Drogas: oito anos de descriminalização em Portugal
Posted in Descriminalização, Entrevistas, Internacional, Portugal by Growroom on the August 3rd, 2009
ENTREVISTA/Glen GreenwaldDo Portal Comunidade Segura
Quando se trata de discussões sobre política de drogas e proibicionismo, boa parte delas gira em torno de teorias. Uma ação que está começando a chamar a atenção é a descriminalização do uso das drogas, que, em outras palavras, é o que acontece quando usuários de drogas contornam o sistema de justiça criminal e vão direto para o sistema de saúde.
Pouco conhecido nos círculos dos formuladores de políticas públicas é o caso de Portugal, uma nação que deu o passo de descriminalizar o uso de todas as drogas em 2001.
“Eles o fizeram por uma única razão: estavam muito preocupados com altas taxas de abuso de drogas nos anos 90 – mais especificamente com a heróina -, então chegaram à conclusão de que descriminalizar era o único caminho para baixar as taxas de abuso”, diz o jornalista e comentarista político Glen Greenwald, que escreveu um relatório sobre os oito anos de descriminalização em Portugal para o Instituto CATO dos Estados Unidos.
Desde então, o caso português tem atraído atenção na mídia americana, com matérias na revista Time e Scientific American. Não é um feito insignificante, já que os EUA são fortes defensores da meta de erradicar o uso de drogas no mundo, um comprometimento que foi renovado esse ano após a revisão dos 10 anos da atual política da ONU, a despeito de algumas vozes dissonantes defendendo a redução de danos.
Glen Greenwald conversou com o Comunidade Segura sobre a experiência portuguesa. Foi bem-sucedida?
“Sim, em números absolutos, o abuso de drogas caiu”. Ele descreve como a descriminalização foi concebida, o que os dados portugueses nos dizem em comparação com outros países da União Europeia e que a descriminalização levou a uma queda no uso de drogas entre jovens. Tudo isso em um país que é sem dúvida conservador.
Conte um pouco sobre o processo de elaboração desse relatório…
Conversei com uma série de especialistas em política de drogas nos EUA, e a maioria deles ou não tinha ouvido falar da descriminalização do uso de drogas em Portugal, ou tinha apenas uma vaga noção do que havia acontecido. Eu estive lá por cerca de três semanas, em 2007 – a maioria dos dados é desse ano. Entrevistei funcionários do governo português e também consultei estatísticos para ajudar a interpretar os dados. Foi realmente difícil obter respostas de funcionários do governo dos EUA, então, no decurso do trabalho, demorou um pouco para esboçar o paper, então eu fui capaz de obter alguns dados atualizados. Trabalhei nisso em 2008 – são seis anos de dados.
O que levou Portugal a adotar a descriminalização?
Eles estavam muito preocupados com altas taxas de abuso de drogas na população, e queriam diminuí-las. E estavam também preocupados com o crime. O uso de drogas vem sempre de mãos dadas com todas as patologias: usuários não estão trabalhando, podem estar roubando, têm DSTs… Portugal tinha um problema horrível com o crime.
Quando o senhor diz ‘problema horrível com o crime’, com que podemos comparar?
A comparação foi de fato feita dentro da União Européia, e, você sabe, o jeito que os formuladores de políticas de drogas falam sobre o assunto é focalizando o uso de drogas – ou o seu abuso. E o uso de drogas em Portugal é substancialmente maior do que em outros países. Então, é quase automático que as taxas de crime serão mais altas, assim como as doenças sexualmente transmissíveis.
E isso era verdade para Portugal nos anos 90 em relação a outros países da UE?
Certo. Se você olhar para as taxas de prevalência entre Portugal e outros países, Portugal esteve sempre no topo – ou perto do topo -, e com a heroína era claramente o líder em taxas de prevalência. Eles tinham um problema horrível com o HIV, tinham problemas com Hepatite B e C. Esses eram grandes problemas. Eles não podiam estancar a infecção por causa de todo uso de seringas contaminadas.
É possível medir a criminalidade relacionada às drogas?
Isso é de fato um problema. Você pode inspecionar as mortes relacionadas às drogas – haverá uma investigação, uma autópsia. Mas é realmente difícil classificar um crime dessa forma. Se uma pessoa que é muito pobre rouba alguém para comprar comida, ou outros bens de primeira necessidade, isso é um crime relacionado à droga? Ou relacionado à pobreza simplesmente? Ou somente impulso criminal mesmo? As estatísticas para crime relacionado às drogas são bem pouco confiáveis, e em muitos países não é nem levada em conta. Eu faço foco nas coisas que você pode medir, como taxas de prevalência, mortes relacionadas às drogas e doenças sexualmente transmissíveis – aí você pode ver o que é efetivo.
E é possível medir taxas de prevalência com pesquisas? Quais os indicadores?
Vale a pena enfatizar que medir o uso de drogas e problemas relacionados não é uma ciência exata, em parte porque diversos países medem coisas diferentes, então torna-se muito difícil fazer comparações, em parte porque é uma espécie de luxo poder fazê-lo, já que é tão caro. Frequentemente, países pobres economizam com o tipo de coisas que são realmente necessárias para fazer pesquisas estatísticas significativas. Na UE, os estados-membros têm sido pressionados para coletar dados de maneira uniforme, levando a melhorias nos últimos 10 anos, e é por isso que considero que comparar as estatísticas portuguesas com outros estados da UE é mais confiável.
Muitos países tratam os usuários de drogas ou vendedores de maneira diferente. O que aconteceu em Portugal?
Definitivamente, ao mesmo tempo há alguns países que, tecnicamente, têm um processo de criminalizar, mas se na realidade tudo o que você faz é comprar para uso pessoal, a probabilidade de que você vá para a prisão ainda é muito baixa, mesmo passando por um processo criminal, o que já é ruim o suficiente.
No entanto, nos anos 90 em Portugal, à medida que o problema das drogas foi piorando, eles fizeram a criminalização mais duramente, e começaram de fato a prender um razoável número de cidadãos que não fizeram nada a não ser comprar drogas para consumo próprio. E isso foi um dos problemas que enfrentaram: uma vez que você introduz o medo do governo na população, o governo não pode mais oferecer opções de tratamento ou oferecer tratamento, porque cria-se uma barreira entre as instituições e as pessoas que elas querem alcançar.
O que permitiu a Portugal fazer essa importante mudança de política?
O que é tão interessante no que Portugal fez, onde, como no Brasil e certamente como nos EUA, a religião tem um papel significativos na sua cultura política, é que para lidar com o problema, eles removeram a discussão do reino político. Eles reuniram esse conselho de especialistas puramente apolíticos: médicos, psicólogos, doutores em política de drogas, um sociólogo.
A pergunta que esse conselho teve que responder não foi qual era a política mais razoável, ou qual era a política correta; era qual a política que permitiria ao país estancar de forma mais eficiente o problema do uso de drogas. A comissão trabalhou por 18 meses com esse mandato e publicou um relatório bem acadêmico e apolítico dizendo que a descriminalização seria a melhor maneira de permitir ao governo conter a maré do uso de drogas. Um conselho de ministros criado pelo presidente de Portugal então avaliou o relatório da comissão, e aprovou-o com unanimidade.
Por que descriminalização e não legalização?
Portugal é signatário de uma série de tratados internacionais, pressionado principalmente pelos EUA, que exige uma proibição legal do tráfico nas suas leis, de acordo com o entendimento de que o que acontece em um país em termos de tráfico afeta todos os outros.
Agora há pessoas que argumentam que o que Portugal fez – com a descriminalização – de certa forma viola esses tratados. Mas Portugal adotou a posição de que você pode descriminalizar e só não pode legalizar, enquanto houver a proibição escrita na lei. O tráfico é ainda ilegal em Portugal, e as únicas coisas descriminalizadas é a compra ou posse de uma quantidade de drogas para uso pessoal por 10 dias.
O senhor tem alguma ideia de como eles definiram esse período?
O período de 10 dias foi uma forma de definir “uso pessoal”. Se você tem cocaína ou qualquer outra substância acima dessa quantidade, há uma boa possibilidade de que você possa distribuir para amigos ou vender. Se você tem o suficiente para uma semana ou alguns dias, então é provável que você queira usar para si mesmo.
Por que descriminalizar todas as drogas e não só a maconha? Isso foi motivado por uma preocupação com a heroína?
Na minha opinião, uma vez que você aceite os argumentos que persuadiram Portugal a descriminalizar – uma vez que você aceite que a descriminalização é o melhor caminho para controlar as drogas -, por que você iria excluir as drogas mais sérias dessa política? Na realidade, a heroína era a preocupação que os levou a agir dessa forma, que para eles era extrema.
O senhor sabe se existe um aumento do consumo das drogas sintéticas em Portugal?
Com certeza, se olharmos para os números frios, o consumo aumentou porque elas nem existiam em 2001. Mas se compararmos com outros países da Europa, em Portugal o uso dessas drogas aumentou, mas muito mais lentamente.
A descriminalização teve algum efeito em especial nas crianças e adolescentes?
Se você parar de usar todo o seu dinheiro em prender, processar e enormes forças policiais, todo esse dinheiro vai ficar livre. E aí você pode gastá-lo com campanhas reais. Isso aconteceu em Portugal. Eles têm campanhas de saúde reais, dezenas de milhares de crianças andando de bicicleta por toda Lisboa, por exemplo, e as campanhas entraram na rede educacional. Dinheiro que costumava ir para o departamento de justiça criminal para prender pessoas e liberá-las sem nenhuma mudança no comportamento agora pode ser investido crianças, influenciando-as de formas efetivas sobre os riscos do uso de drogas, ou em opções de tratamento – não apenas metadona, mas aconselhamento.
E essas campanhas preventivas conseguiram atinfir mesmo as crianças e adolescentes?
As taxas de uso de drogas por adolescentes em Portugal, sem comparar com outros países, mas em números absolutos, caiu nos 6 anos desde 2001, quando a lei entrou em vigor. Se você consultar qualquer literatura sobre isso, ela irá enfatizar que o grupo etário crucial são os adolescentes, o prognóstico-chave do futuro uso de drogas.
Em que idade exatamente?
Você deveria considerar dos 11 aos 15, mas na verdade o uso de drogas é chave nas idades de 15 a 19 – ensino secundário, quando ser rebelde começa, quando o uso de drogas pode se tornar aceitável, é aí que as decisões sobre os sistemas de valores das pessoas são tomadas nesse grupo etário.
O que acontece a um usuário de droga em Portugal?
De acordo com a lei portuguesa, você é enviado para uma clínica de dissuasão, onde trabalham médicos preparados para a redução de danos. Isso significa que você irá transformar tantos dependentes em não-dependentes que as taxas de uso de drogas irão cair…
Pode-se pode dizer – da perspectva da saúde pública – que existe algo como “dependentes transformando-se em não-dependentes”?
Sim. Muitas pessoas que eram dependentes param de usar; talvez haja uma diferença semântica, mas pela perspectiva do governo, o importante é que a pessoa não esteja usando, haja ou não uma dependência.
Esse modelo poderia ser transferido para outros países? América Latina? EUA?
No fim das contas, o único argumento contra a descriminalização é que ela iria levar a um enorme aumento das drogas. Até pessoas que se opõem ao que escrevi admitem que isso não aconteceu em Portugal. Os argumentos foram: “vamos transformar Lisboa em um porto para o narcoturismo… Se você considerar as pessoas referidas como usuárias de drogas, 98% era portuguesas, e isso era assim já antes.
Antes dessa lei entrar em vigor, havia precisamente a controvérsia que se espera que haja em qualquer lugar; se você fosse um político você iria evitar o tópico para proteger sua carreira política.
Quanto ao resto, “Portugal é um país pequeno, a cultura é diferente”… Para mim, isso é um argumento vazio. Se fosse uma vila de 20 pessoas, você talvez não pudesse estender isso para um país de 280 milhões. Mas se a descriminalização funciona para 10 milhões, por que não iria ser extensível para países maiores?
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, está considerando recriminalizar as drogas, argumentando que lutar a guerra às drogas vai de encontro a descriminalizar o consumo…
A Colômbia vive uma situação muito singular. O governo colombiano talvez não queira parar, porque os esforços paramilitares também são importantes no seu papel no combate às drogas. Portugal é mais um consumidor na divisão internacional do trabalho. É um caso peculiar.
Antonio Maria da Costa, chefe da UNODC, diz que você se livra das leis, mas não se livra do mercado ilegal, da produção, da máfia, do tráfico, então você não deveria abandonar a proibição…
A realidade é que a lógica que leva à descriminalização deveria se aplicar não apenas aos consumidores, mas aos traficantes. Não faz sentido, logicamente, criminalizar um lado e não o outro, os dois lados de uma mesma transação. Ao mesmo tempo, há essas barreiras que mencionei em termos de tratados internacionais.
Independentemente do caso dos traficantes, criminalizar usuários de drogas, botar pessoas na prisão ou arrastá-las para o sistema de justiça criminal, forçá-las a ter advogados e ameaçá-las de cadeia é uma coisa terrível para se fazer com as pessoas – e é contraproducente. Mesmo sendo apenas um passo gradual, é melhor do que nada.
Quando falamos de narcoturismo, naturalmente nós pensamos em Amsterdã e a descriminalização. É um caso diferente?
A razão pela qual as pessoas vão a Amsterdã não é apenas a facilidade legal de se obter maconha, porque na verdade você pode fazê-lo em quase qualquer lugar sem ir para a prisão. Amsterdã é um caso especial por causa de toda a cultura em torno dessa cidade, onde há os cafés… Ela se tornou uma cidade de hedonismo; é por isso que as pessoas a visitam. O fato é que eles nunca de fato descriminalizaram as drogas; eles apenas adotaram uma política de vista grossa. Assim, não acho que seja comparável ao caso de Portugual.

Suíços votarão na descriminalização da maconha e heroína prescritível

Europa: Suíços votarão na descriminalização da maconha e heroína prescritível

Os eleitores suíços vão às urnas no dia 30 de novembro para decidirem se vão aprovar ou não a descriminalização da maconha e os “quatro pilares”, a atual estratégia do governo para as drogas, que inclui a prescrição de heroína a dependentes inveterados. No fim do mês passado, uma pesquisa da Sociedade Suíça de Radiodifusão e Televisão mostrou que o esforço pela descriminalização estava praticamente empatado, ganhando por 45% a 42%, com 13% indecisos, enquanto o referendo sobre a estratégia geral parece pronto para uma vitória fácil, com 63% a favor, 20% contra e 17% indecisos.
O referendo sobre as políticas de maconha prevê sua legalização para o consumo pessoal e estipula que o estado regule seu cultivo e venda. Isso acontece uma década depois que os eleitores suíços negaram recusaram por pouco uma proposta parecida. Uma tentativa de descriminalizar através do Parlamento fracassou em 2004.
Embora a votação sobre a descriminalização pareça acirrada, o esforço é corroborado pelo relatório de uma assessoria do governo de 1999 e a coalizão governante e alguns aliados inesperados estão aderindo. A regulação protegeria os jovens, argumentaram os socialdemocratas. O surpreendente é que o trabalho também é apoiado pelo centro-direita ou o Partido Radical libertariano e o Neue Zurcher Zeitung, o respeito diário que chamou tanto o trabalho em prol da descriminalização quanto a legislação emendada sobre as drogas de passos na direção certa.
“Uma política baseada somente na abstinência, proibições e repressão resulta enfim em mais gastos com previdência social. Ela também vai contra o espírito do liberalismo e não deixa que as pessoas assumam a responsabilidade por elas mesmas”, escreveu o jornal em editorial.
Mas, nem todos concordam com a descriminalização. O Partido do Povo Suíço de direita continua se opondo incondicionalmente. “A Suíça viraria a meca das drogas da Europa”, disse Andrea Geissbühler, parlamentar do Partido do Povo.
Parece que os quatro pilares, a estratégia do governo para as drogas, são muito menos polêmicos, especialmente depois de uma década de programas-piloto de prescrição de heroína que provaram ser eficazes. Mesmo as bases dos partidos direitistas os aprovam, conforme a pesquisa.
“O número de mortes relacionadas com as drogas ao ano caiu de 400 no início dos anos 1990 para 152 no ano passado”, disse Felix Gutzwiller, senador do Partido Radical de Zurique, acrescentando que todo ano uns 200 dependentes passam da manutenção com heroína à manutenção com metadona. “É revelador que as questões das drogas não estejam mais no topo da lista de preocupações públicas, diferentemente de 20 anos atrás”, disse.

Efeitos da descriminalização do consumo de drogas em Portugal


É um dos mais conhecidos constitucionalistas dos EUA, país onde a política da droga é das mais severas. Analisou o que se passa em Portugal. E concluiu que deve servir de exemplo.
Glenn Greenwald poderá abusar da adjectivação no relatório "Descriminalização da droga em Portugal: lições para criar políticas justas e bem sucedidas sobre a droga". Mas tem o mérito de ter chamado a atenção para o que por cá se faz em matéria de luta contra a toxicodependência. No documento apresentado na semana passada no Cato Institute de Washington, fala de "sucesso retumbante". E fá-lo comparando Portugal com a Europa e com os EUA.Desde 1 Julho de 2001 (Lei n.º 30/2000, de 29 de Novembro), a aquisição, posse e consumo de qualquer droga estão fora da moldura criminal e passaram a ser violações administrativas. Desde então, o uso de droga em Portugal fixou-se "entre os mais baixos da Europa, sobretudo quando comparado com estados com regimes de criminalização apertados". Baixou o consumo entre os mais jovens e reduziram-se a mortalidade (de 400 para 290, entre 1999 e 2006) e as doenças associadas à droga.Proibido? Sim, mas sem prisãoPorquê? Porque, adianta Greenwald, Portugal ofereceu mais oportunidades de tratamento. E cita peritos que atribuem esta mudança de abordagem à descriminalização. Por partes: consumir continua a ser proibido. Mas já não dá prisão. Quando muito, dá uma multa. Na maioria dos casos, uma reprimenda. E o encaminhamento para o tratamento.
Com isto, mitigou-se aquele que era o principal desafio da luta contra a droga: o receio de procurar ajuda e de, por essa via, acabar na cadeia. O estigma do crime diluiu-se, ao contrário do que acontece em Espanha, por exemplo, onde as sanções são raras, mas passa-se por processos penais, diz o constitucionalista. Por outro lado, resgataram-se recursos que eram gastos na criminalização (em processos e detenções, já que 60% deles envolviam consumidores), canalizando-os para o tratamento. Entre 1999 e 2003, cresceu 147% o número de pessoas em programas de substituição.
Greenwald cita estudos de 2006, segundo os quais a prevalência do consumo desceu de 14,1% para 10,6% (face a 2001) nos 13-15 anos, e de 27,6 para 21,6% nos 16-18 anos. A subida nas faixas etárias seguintes, adianta, não se prende com mais consumo, mas porque os jovens consumidores pré-descriminalização estão hoje mais velhos. Ou seja, se os adolescentes consomem menos, a prazo, menos adultos consumirão.
A análise de Gleen Greenwald estende-se ainda sumariamente à atitude dos vários quadrantes políticos portugueses e ao ambiente político pré e pós-descriminalização. Dá conta de um quase consenso actual, à excepção da Direita conservadora. E regressa aos números para desmontar os cenários de pesadelo previstos antes da lei. O consumo de droga não se generalizou, nem Portugal se transformou num paraíso turístico oferecendo "sol, praias e droga": 95% dos cidadãos atendidos nas comissões de dissuasão de toxicodependência criadas com a lei (para onde os consumidores são encaminhados pela Polícia) são portugueses. Do resto da Europa, serão à volta de 1%.
Greenwald diz que este caso de sucesso deveria ser tema de debate em todo o Mundo e lamenta que, confrontadas com ele, as autoridades americanas se tenham remetido ao silêncio.
Ivete Carneiro
http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=3286851528524363339&postID=3161327048821694403

Cantidades pequeñas de Drogas para Lei Mexicana

México permite dosis personales de drogaPosesión en pequeñas cantidades
El gobierno mexicano despenalizó la posesión de dosis personales de droga.
The Associated Press20 de Agosto de 2009

MEXICO - El gobierno mexicano despenalizó la posesión de drogas para uso personal e inmediato, aunque en caso de que un farmacodependiente o consumidor sea detenido por tercera ocasión estará obligado a someterse a rehabilitación.
A rehabilitación
El Ejecutivo promulgó el jueves modificaciones a diversas disposiciones legales en las cuales señala que quien sea detenido con cantidades consideradas como dosis para consumo personal no enfrentarán un proceso penal, siempre que no sea miembro del crimen organizado, aunque serán citados por autoridades sanitarias para "conminarlo" a entrar a programas de rehabilitación.Si alguien es detenido por tercera ocasión, "el tratamiento del famacodependiente será obligatorio". La norma no establece si habrá una sanción para quien no cumpla con este supuesto.

Las cantidades
La nueva Ley General de Salud estipula como dosis para consumo personal e inmediato 2 gramos de opio, 50 miligramos de heroína, 5 gramos de marihuana, 500 miligramos de cocaína, 40 miligramos de metanfetamina y 0,015 miligramos de LSD.En un comunicado, el senador del partido izquierdista de la Revolución Democrática (PRD), Pablo Gómez, celebró la publicación en el Diario Oficial de las modificaciones por considerar que "se logró despenalizar el consumo de las drogas en ese ordenamiento y, en cambio, ofrecer tratamientos de recuperación a los adictos por parte del Estado".También se ajustaron los códigos penal y de procedimientos penales federales.El Ejecutivo promulgó las leyes más de tres meses después de que el Congreso modificó la propuesta inicial del gobierno del presidente Felipe Calderón, que originalmente planteó que quien fuera detenido con dosis para consumo personal enfrentaría un proceso penal, a menos que se sometiera y cumpliera con una rehabilitación.Hasta ahora, se deja al libre arbitrio de las autoridades determinar quién es un traficante o no, debido a que no existía una tabla de dosis para consumo personal.El Congreso aprobó en 2006 una propuesta similar del ex presidente Vicente Fox, aunque nunca entró en vigor debido a que el mandatario la vetó tras críticas de varios sectores, incluido el gobierno de Estados Unidos.NarcoviolenciaMéxico padece desde hace años una escalada de violencia de los carteles de las drogas, que desde que Calderón asumió el poder en diciembre de 2006, ha dejado más de 11,000 asesinados.En los últimos seis años se incrementó el número de adictos a las drogas en un 51 por cientoal pasar de 158,000 en 2002 a 307,000 en 2008, además de que aumentó en 28.9 por ciento la cifra de personas que dijo haber probado narcóticos alguna vez, según la última encuesta gubernamental en la materia.

México descriminaliza posse e consumo de droga para uso pessoal

Agência de Notícias de Portugal, S.A.
México descriminaliza posse e consumo de droga para «uso pessoal»
publicado 07:36 21 Agosto '09
htpp://tv1.rtp.pt

Cidade do México, 21 Ago (Lusa) - O México aprovou na quinta-feira a descriminalização da posse e consumo de pequenas quantidades de marijuana, cocaína e heroína, bem como LSD e metanfetaminas, desde que seja para "uso pessoal".
A lei define as quantidades consideradas de "uso pessoal" e os seus possuidores não serão processados, se bem que à terceira vez que sejam apanhados tenham de cumprir programas de tratamento, não tendo sido estabelecida a punição em caso de incumprimento.
A nova legislação, que entra em vigor já esta sexta-feira, estabelece que qualquer pessoa encontrada na posse de drogas, mesmo nas quantidades descriminalizadas, será convidada a procurar tratamento contra a dependência.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso protagoniza documentário sobre a despenalização de algumas drogas


El Patagonico
Brasilia, 18 de agosto (Télam) - El ex presidente brasileño Fernando Henrique Cardoso protagonizará un documental sobre la despenalización del consumo de algunas drogas y en el que se propone revisar la represión del consumo.Cardoso integra la Comisión Latinoamericana sobre Drogas y Democracia, lanzada este año en Río de Janeiro con respaldo de la ONU, y como tal comenzará a rodar el próximo viernes las primeras imágenes de un documental en el que se defenderá un nuevo paradigma sobre el tema, informó la agencia Ansa.La Comisión Latinoamericana impulsa una "revisión" en la política de represión del consumo y está integrada por los ex presidentes César Gaviria, de Colombia; Ernesto Zedillo, de México, y los escritores Mario Vargas Llosa y Paulo Cohelo.En ese evento celebrado en febrero Cardoso consideró ineficaz la "guerra" contra las drogas implementada por Estados Unidos en América Latina y explicó que su propuesta excluye la despenalización de la cocaína.Cardoso, ex presidente brasileño entre 1995 y 2001, será "el hilo conductor" del film del director Fernando Grostein Andrade que registrará su intervención en las conferencias que dictará sobre el tema. (Télam)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A visão proibicionista da Polícia Militar do Estado de São Paulo - Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

A “horta” de maconha
17 de Agosto de 2009

Vivemos num país de contradições. Ao mesmo tempo em que São Paulo e outros estados empreendem a caça quase policialesca aos fumantes, congressistas e autoridades da área federal trabalham ardorosamente pela descriminalização da maconha e, agora, até para permitir que o usuário possa ter sua plantaçãozinha particular da erva. Faz-se, ainda, a discutível Marcha da Maconha, com a presença até de ministro, e utiliza-se todo meio de justificativa para eliminar a substância das sanções do Código Penal. São dois extremos a conturbar o ambiente nacional, que merecem séria reflexão. Por um lado, a máquina do Estado é usada para perseguir os tabagistas, viciados no passado com o beneplácito e até o incentivo do poder público interessado apenas na arrecadação de elevados tributos. Por outro, o próprio Estado, incompetente no cumprimento do seu dever de enfrentar os traficantes e recuperar os viciados, usa fórmulas discutíveis de combate. Fumar, tanto tabaco quanto maconha, é prejudicial à saúde. Ninguém deveria fazê-lo. Mas o tabaco causa apenas males à saúde. Não se tem notícia de alguém que tenha fumado um cigarro de tabaco e ficado “louco” a ponto de, por isso, cometer desatinos. Já não se pode dizer o mesmo da maconha que, de quebra, ainda, é a porta de entrada para a cocaína e outras drogas mais pesadas e nocivas. É certo que o usuário deve ser uma considerado uma vítima das circunstâncias. Mas nem por isso, a sociedade deve só passar a mão em sua cabeça e criar condições para que continue no vício. Em vez de espaços livres para o consumo da droga e da absurda e inaceitável proposta da plantação particular, como se fosse a horta doméstica, as autoridades, parlamentares, pesquisadores e a sociedade deveriam estar mobilizados para oferecer reais possibilidades de abandono ao vício e cumprir o seu dever para de dar combate sem trégua ao tráfico. Levando-se em consideração que a quase totalidade da maconha consumida no país vem dos países vizinhos, especialmente o Paraguai, há que se intensificar a fiscalização de fronteira e desenvolver protocolos com os países onde a droga é produzida para o seu combate na origem. Tem de se usar os instrumentos da sociedade para combater sem trégua o crime organizado que, com o dinheiro sujo da venda de maconha, cocaína e outros entorpecentes, domina morros, favelas e vastas áreas da periferia das cidades. Mas não basta apenas combater e afugentar o crime organizado. O Estado tem de realizar, com eficiência, operações cívico-sociais para reaver o território que, por sua omissão do passado (e até do presente) foi cooptado pelos criminosos. Muitos dos habitantes desses redutos têm no traficante a sua única oportunidade de trabalho e rendimento. Há que colocar algo lícito nesse lugar. O combate às drogas – assim como ao tabagismo – se reveste do mais alto interesse social. Mas não pode ser executado na base da hipocrisia, da improvisação e das medidas eleitoreiras. Tem de ser efetivo, sério e organizado. É tarefa para vários governos seguidos e não admite mistificações e nem populismo, que só servem para potencializar as dores e sofrimento da sociedade.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br

Políticas proibicionistas demotivam estudos e pesquisas, no que diz respeito a maconha

Sem Fronteiras - 17/08/2009 - por Walter Fanganiello Maierovitch
O uso da maconha para fins terapêuticos é legalizado em vários países e as pesquisas científicas avançam em progressão geométrica.

No Canadá é o próprio estado que cultiva a maconha e disponibiliza aos necessitados a erva mediante apresentação de receita médica.

Como já mencionamos em outros textos publicados neste blog, na Califórnia o serviço público de saúde fornece um crachá de identificação de usuário, para evitar incômodos policiais.

A última novidade sobre o emprego da maconha para finalidade médico-terapêutica vem da Escócia.

Trata-se de uma pesquisa realizada por cientistas da universidade de Edimburgo. A pesquisa ainda está em curso, mas já foi vencida a fase de emprego de ratos.

Duas conclusões contrastantes foram notadas.

Para os idosos, o consumo de maconha ativa uma molécula existe no corpo humano, receptor CB1, co-envolto no desenvolvimento da degenerativa osteoporose.

Com a ativação canábica, — sempre em pessoa idosa–, impede-se a formação de acúmulo de gordura responsável pela osteoporose, que arruína progressivamente os ossos.

No jovem o efeito é contrário, concluem, nessa fase da experiência, os pesquisadores.

O uso da maconha, em jovens, tornam mas frágeis os ossos do fêmur e da tíbia. Em outras palavras, os referidos ossos, na idade de crescimento do jovem, desenvolvem-se com mais fragilidade.

Os estudos com ratos de cobáia, geneticamente privados do receptor, demonstraram alto risco de crescimento ósseo mais fracos do que o normal.

A pesquisa acaba de ser publicada pela revista científica Cell Metabolism. O chefe do departamento de reumatologia da supracitada universidade escocesa deixou alertado: “Foram apresentados resultados parciais, mas ampliando os testes poderemos conquistar novos mecanismos para combater a osteoporose nos adultos”.

PANO RÁPIDO. As políticas proibicionistas no Brasil desmotivam estudos e pesquisas, no que diz respeito à maconha.

sábado, 15 de agosto de 2009

Obama começa a repensar War on Drugs - Walter Fanganiello Maierovicth


Sem fronteiras
11 de agosto de 2009
Obama diverge do presidente mexicano sobre a Guerra às Drogas, no encerramento do encontro dos líderes da América do Norte
Guerra às Drogas.
Ontem, no último dia do encontro entre os líderes da América do Norte (EUA, Canadá e México), ficou claro que o presidente Barack Obama diverge do presidente mexicano sobre a política de War on Drugs. O presidente Felipe Calderón segue a linha W. Bush e desde o seu primeiro dia de mandato, ou seja, em 1 de dezembro de 2006.
Ao contrário do noticiado em publicações brasileiras, Obama — na Summit de Guadalajara, que começou no domingo e terminou ontem — jamais daria apoio à aventura de Calderón.
Não seria Obama estulto a ponto de dar apoio a uma política militarizada que, no arco de ano e meio, matou mais de 7.700 mexicanos: entre as vítimas um porcentual superior a 70% não tinha nenhuma ligação com o narcotráfico.
De W. Bush, o presidente Calderón recebeu US$ 720 milhões, empregados no Plan Mérida, ou seja, uma adaptação menos ousada do falido Plan Colombia.
O resultado, em 2008, da War on Drugs de Calderón e Bush foi trágico: 5.600 mortos. Hoje, o número de mortes cresceu para 7.700.
Para se ter idéia da violência, no penúltimo fim de semana de encerramento do mês de julho passado morreram 20 pessoas em Ciudad de Juárez (fronteira com a americana El Paso, no Texas). Como sucede desde o início da Guerra às Drogas no México, a maior parte das vítimas era de civis inocentes.
Até agora, os cartéis mexicanos vencem, de goleada, a War on Drugs e a população já retirou o apoio inicial dado a Calderón, em face dos catastróficos resultados.
Uma conversa reservada, de 20 minutos, foi suficiente para Obama abrir o jogo. E dizer a Calderón — como já havia antecipado o czar antidrogas da Casa Branca, ao frisar que a War on Drugs representava uma política equivocada — que ele precisava mudar de linha.
Como pá de cal, Barack avisou a Calderón que não era favorável à derrubada da proibição da volta de circulação de ônibus em pontos da fronteira entre os dois países, objeto de vedação.
O encontro de Guadalajara, entre os três líderes, cuidou de outros temas voltados para alavancar o North American Free Trade Agreement (Nafta).
O premier Stephen Harper, como divulgaram os jornais canadenses, acompanhou com atenção a exposição de Obama, que deu prioridade às questões sanitárias, pois a epidemia chamada gripe suína atingiu pesadamente o vizinho México e os EUA.
Para analistas, a summit acabou sendo teórica. E a divergência acabou vista como jogada de mestre de Obama, que não quer ser tingido pelo sangue de inocentes mexicanos.
A questão da Aliança para a Segurança e Prosperidade na América do Norte (Aspan) ficou para aprofundamento num futuro próximo.
Sobre o combate ao narcotráfico e aos potentes cartéis mexicanos, Obama falou da necessidade de medidas de contraste, mas, na conversa reservada, avisou que não iria coonestar com a sangrenta linha Bush-Calderón.
PANO RÁPIDO. Obama ainda não deixou claro sobre qual será no seu governo a política sobre as drogas ilícitas. O anterior democrata, Bill Clinton, deixou nas mãos de um republicano, ou seja, o general Barry McCafrey, que produziu o militarizado Plan Colombia.
O que se percebe, até agora, é que, com as sete bases militares a serem instaladas na Colômbia, a linha militarizada prosseguirá, como nos tempos de Bush e Uribe. Pelo menos com relação à Colômbia.
Não devemos esquecer, como já colocado em outros comentários, que a Guerra às Drogas serve para camuflar interesses geopolíticos, geoestratégicos e geoeconômicos.
–Wálter Fanganiello Maierovitch–

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Drug Descriminalization in Portugal: Lessons for Creating Fair and Successful Drug Policies

by Glenn Greenwald
'http://www.cato.org

On July 1, 2001, a nationwide law in Portugal took effect that decriminalized all drugs, including cocaine and heroin. Under the new legal framework, all drugs were "decriminalized," not "legalized." Thus, drug possession for personal use and drug usage itself are still legally prohibited, but violations of those prohibitions are deemed to be exclusively administrative violations and are removed completely from the criminal realm. Drug trafficking continues to be prosecuted as a criminal offense.
While other states in the European Union have developed various forms of de facto decriminalization — whereby substances perceived to be less serious (such as cannabis) rarely lead to criminal prosecution — Portugal remains the only EU member state with a law explicitly declaring drugs to be "decriminalized." Because more than seven years have now elapsed since enactment of Portugal's decriminalization system, there are ample data enabling its effects to be assessed.
Notably, decriminalization has become increasingly popular in Portugal since 2001. Except for some far-right politicians, very few domestic political factions are agitating for a repeal of the 2001 law. And while there is a widespread perception that bureaucratic changes need to be made to Portugal's decriminalization framework to make it more efficient and effective, there is no real debate about whether drugs should once again be criminalized. More significantly, none of the nightmare scenarios touted by preenactment decriminalization opponents — from rampant increases in drug usage among the young to the transformation of Lisbon into a haven for "drug tourists" — has occurred.
The political consensus in favor of decriminalization is unsurprising in light of the relevant empirical data. Those data indicate that decriminalization has had no adverse effect on drug usage rates in Portugal, which, in numerous categories, are now among the lowest in the EU, particularly when compared with states with stringent criminalization regimes. Although postdecriminalization usage rates have remained roughly the same or even decreased slightly when compared with other EU states, drug-related pathologies — such as sexually transmitted diseases and deaths due to drug usage — have decreased dramatically. Drug policy experts attribute those positive trends to the enhanced ability of the Portuguese government to offer treatment programs to its citizens — enhancements made possible, for numerous reasons, by decriminalization.
This report will begin with an examination of the Portuguese decriminalization framework as set forth in law and in terms of how it functions in practice. Also examined is the political climate in Portugal both pre- and postdecriminalization with regard to drug policy, and the impetus that led that nation to adopt decriminalization.
Glenn Greenwald is a constitutional lawyer and a contributing writer at Salon. He has authored several books, including A Tragic Legacy (2007) and How Would a Patriot Act? (2006).
The report then assesses Portuguese drug policy in the context of the EU's approach to drugs. The varying legal frameworks, as well as the overall trend toward liberalization, are examined to enable a meaningful comparative assessment between Portuguese data and data from other EU states.
The report also sets forth the data concerning drug-related trends in Portugal both pre- and postdecriminalization. The effects of decriminalization in Portugal are examined both in absolute terms and in comparisons with other states that continue to criminalize drugs, particularly within the EU.
The data show that, judged by virtually every metric, the Portuguese decriminalization framework has been a resounding success. Within this success lie self-evident lessons that should guide drug policy debates around the world.

Um pouco mais sobre drogas - www.Hypescience.com -curiosidades

A discussão sobre as drogas parece não ter fim: elas têm um uso muito difundido em todo o mundo, e, muitas vezes, estão ligadas à violência e ao crime organizado. Enquanto algumas pessoas acreditam que a solução seria criar uma política de descriminalização das drogas, outros apoiam um maior controle policial na guerra contra as substâncias ilegais. Confira nesta lista as dez drogas mais populares do mundo atualmente.
Se você gostar deste artigo provavelmente ficará escandalizado com as 10 Inacreditáveis propagandas de cocaína e outras drogas.
10. Solventes
Os solventes se tornaram uma droga popular no fim dos anos 70, quando a cena punk rock começou a crescer. Disponíveis em qualquer loja de equipamentos e supermercados, solventes como cola, benzina, removedor de esmaltes e aerossóis são baratos e têm propriedades alucinógenas na sua formulação industrial.
Por serem tão fáceis de encontrar e baratos, os solventes são geralmente populares entre menores abandonados e pobres em todo o mundo. O usuário inala a cola ou outra substância dentro de um saco plástico, muitas vezes colocado sobre a cabeça – não é difícil imaginar quantas crianças já morreram no processo.
Lembro alguns anos atrás uma reportagem local aqui de Curitiba em que um ladrão invadiu uma loja de noite para roubar cola. Ele decidiu consumir um pouco do produto ali mesmo e ficou tão doido que acabou se colando no chão no processo, tendo que ser removido por bombeiros na manhã seguinte.
9. Cogumelos alucinógenos
Por milênios, o uso de cogumelos alucinógenos é muito comum em várias sociedades, como parte da cultura e da religião. Existem mais de 180 espécies de cogumelos com propriedade alucinógena, com os princípios ativos psilocina e a psilocibina, responsáveis pelo efeito causado no usuário, vinte minutos depois do consumo dos cogumelos, que podem ser fatais.
O efeito dos cogumelos é semelhante ao do LSD, mas tem uma duração menor. Alguns cogumelos são mais venenosos que alucinógenos, tornando o seu consumo perigoso, quando não acompanhado por alguém que entenda do assunto. No Reino Unido, colher ou manter cogumelos não é ilegal, mas prepará-los para o consumo pode mandar a pessoa pra cadeia. No Brasil, a produção e comercialização dos cogumelos é ilegal.
8. Ópio
Considerada uma das drogas mais antigas, o ópio vem sido cultivado desde a era Neolítica. A substância é retirada a partir da papoula, e as sementes da flor também são usadas como tempero – sem nenhum efeito alucinógeno.
O ópio tem um poderoso efeito narcótico e analgésico, e pode ser fumado ou comido, e também dissolvido em álcool e bebido. A papoula é nativa da Grécia e da China, mas também foi cultivada pelas populações egípcias, romana e minoana.
O láudano, como é chamado o ópio com álcool, se tornou famoso por seu uso pelos poetas do romantismo, como o britânico Lord Byron. Durante o século XIX, o láudano era legal e mais barato que o gin, e se tornou uma bebida comum entre a classe trabalhadora britânica.
7. LSD
O LSD, nomeado pelas iniciais da sua substância em inglês, dietilamida do ácido lisérgico, é uma das substâncias alucinógenas mais poderosas. A substância foi descoberta em 1938 por Albert Hoffman, um químico suíço que procurava por uma cura para o resfriado. Uma gora do produto caiu acidentamente em sua mão e ele começou a ter alucinações quando voltava para casa, em sua bicicleta. O LSD se tornou famoso com o seu uso popularizado por celebridades, como os Beatles e os escritores Hunter Thompson e Timothy Leary.
A droga aumenta a sensação visual e sonora do usuário, e sensações físicas e psicológicas são alteradas. Estímulos visuais podem causar efeitos muito fortes no usuário, podendo levar à paranóia, confusão ou pânico – embora muitos usuários não experimentem nenhuma dessas sensações.
Há diversas pesquisas que apontam que o LSD seria um excelente tratamento para dependência química e alcoolismo.
6. Barbitúricos
Os barbitúricos são usados desde o século XIX, e são as primeiras drogas legalizadas desta lista. Derivados do ácido barbitúrico, são utilizados em tratamentos psiquiátricos para sedar pacientes. Eles têm efeitos hipnóticos e ansiolíticos, dão ao usuário a sensação de relaxamento físico e psicológico, e criam um alto nível de dependência.
O famoso remédio Valium participa desta categoria de droga, que tem efeitos tão terríveis que afirma-se que a desintoxicação destes medicamentos é pior que a de opiáceos.
5. Anfetaminas
As anfetaminas são drogas que estimulam os níveis de dopamina e serotonina no cérebro – substâncias ligadas ao bem-estar, que criam efeitos de euforia e diminuem o cansaço físico. Elas têm uso médico como moderadores de apetite e no tratamento de hiperatividade em adultos. As anfetaminas ficaram famosas durante a década de 70, e voltaram a ser utilizadas em grande escala na década de 90, durante o crescimento da cultura da música eletrônica.
Curiosamente, a droga foi utilizada pelo exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial: Hitler recebia diariamente uma injeção de anfetaminas e vitaminas.
4. Ecstasy
O ecstasy era inicialmente utilizado como medicamento psiquiátrico. Ele produz euforia e sensação de bem-estar, diminui a ansiedade e o medo e retira a sensação de cansaço. Apesar de ser ilegal na maior parte do mundo, é uma das drogas ilícitas mais utilizadas.
Ela é usada oralmente ou cheirada, em forma de pó. Os usuários podem sofrer de desidratação e morte, além de doenças relacionadas com a droga. As indústrias clandestinas que fabricam a droga usam muitos produtos químicos e técnicas falhas, que aumentam o risco no uso da droga.
Comparando as pesquisas, consumir ecstasy é mais seguro do que andar a cavalo.
3. Cocaína
A cocaína, derivada de uma planta originária da América do Sul, é utilizada em várias formas há muitos anos. Originalmente era mastigada pelos índios peruanos, que se aproveitavam das propriedades estimulantes da planta nas grandes altitudes do país. A cocaína é estimulante, acaba com o apetite e é anestésica.
Durante os primeiros vinte anos de produção da Coca Cola dizem que ela continha cocaína, mas as leis mudaram e a substância foi retirada. No século XIX, a cocaína era dada a crianças e bebês como medicamento. Ela é uma droga cara, geralmente relacionada a pessoas mais ricas, mas o desenvolvimento do crack, versão modificada da cocaína, levou a droga para as ruas.
2. Crack
O crack é derivado da cocaína com bicarbonato de sódio ou hidróxido de sódio. A droga ‘fumável’ é barata com a pedra sendo vendida por poucos Reais nas ruas. Conhecida como sendo mais viciante que a própria cocaína ela causa euforia, confiança suprema, desejo por mais droga e paranóia.
O tempo de vida depois que alguém começa a fumar crack é, em média, de 5 anos. A droga tem forte ligação com crimes violentos perpetrados pelos viciados.
1. Maconha
A mais famosa de todas as drogas recreacionais, Canabis, ou simplesmente maconha, tem sido cultivada há milhares de anos. Ela é psicoativa e psicodélica, e as suas folhas e flores podem ser fumadas.
O efeito da droga é imediato, uma leve sensação eufórica, que pode ser intensificada dependendo do método de fumo ou a quantidade da dose. Ela geralmente não é debilitante, a não ser quando utilizada em excesso e pode causar confusão mental, geralmente temporária.
Bônus: Heroína
A heroína é derivada da morfina, droga opiácea, e era usada como alternativa à morfina, por se acreditar que era menos viciante. Ela é um analgésico poderoso, e os usuários sentem euforia e sensação de bem-estar. A heroína pode ser fumada ou injetada. Colocamos ela como bônus aqui, pois é uma droga rara ou inexistente no Brasil, apesar de amplamente consumida em outras partes do mundo.
A desintoxicação da heroína é considerada uma das piores, e o viciado na droga sente náusea, dores físicas e diarréia. É comum que o usuário não consiga ficar sem a droga, fazendo com que a heroína seja muito ligada a crimes e mortes.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Bom Combate

Por Lauro Mario Melo de Almeida - Do livro Os Campeões Não Usam Drogas

Para combatermos o uso de drogas necessitamos de informação. A ignorância sobre o tema gera preconceitos. A palavra de ordem é educar. Educar significa aumentar a qualidade de vida, a compreensão sobre temas diversos e a possibilidade de crer sem dúvidas naquilo que outros objetivaram de forma importante. Valores, técnicas, atitudes corretas e cidadania formam o núcleo da palavra educar. Não tenho dúvidas que o aumento em progressão geométrica do uso de drogas em nossa sociedade está intimamente associado aos baixos níveis de educação
que foram propostos em nossa sociedade. O controle informal exige que informações sejam adquiridas, processadas e transformadas em atitudes. As conseqüências da presença das drogas em nossa sociedade aparecerão, de forma clara e cristalina, no empobrecimento de nossa nação. Atingem a todos os brasileiros independentes de cor, credo ou lugar de moradia.
As informações devem versar também sobre o controle formal.
Defendo o estudo nas escolas públicas e privadas, como matéria essencial, a Segurança Pública. Qual o papel das autoridades públicas, Juiz de Direito e Delegado de Polícia, dos Promotores de
Justiça e dos Oficiais Militares. Dos Policiais Civis e Militares, seus deveres e obrigações.
Atualmente a população confunde a competência da Polícia com a competência da Justiça. Não entendem a dicotomia das Polícias. Reestruturação real e permanente da Polícia. Uma única polícia com ideologia civil. Lutamos contra vários adversários, competindo entre Polícias. Necessitamos que os jovens do futuro compreendam a importância da Segurança Pública, principalmente na vertente de combate as drogas, para assegurarmos um futuro menos violento e mais racional.
As propostas estão na mesa. A história continuará e nos resta observar qual será o desenvolvimento da humanidade. Façamos as nossas partes.

Esforço na Prevenção

Jornal Zero Hora
11 de agosto de 2009
ESFORÇO ANTIDROGAS
Projeto prevê R$ 11 milhões para o Estado

O governo federal assinou ontem, com 16 representantes de prefeituras gaúchas, um acordo que pode dar um passo importante no ataque contra um dos principais problemas brasileiros.O programa Ações Integradas na Prevenção do Uso de Drogas e Violência prevê investimentos em saúde, policiamento, educação e outros fatores que ajudam no combate à violência.Só no Rio Grande do Sul, o objetivo é desembolsar R$ 11 milhões para beneficiar 4,2 milhões de pessoas. Em todo o país, o investimento atinge R$ 54 milhões.Lançado no prédio da Polícia Federal, em Porto Alegre, com a presença do ministro da Justiça, Tarso Genro, o programa integra o conjunto de ações confirmadas em junho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Capital.
As ações
PREVENÇÃO
Duas das frentes do programa:
- O projeto prevê o treinamento de 80 mil profissionais de 10 diferentes cursos para lidar com o problema
TRATAMENTO
- Entre as iniciativas previstas, está a implantação de um plano emergencial que amplie o acesso ao tratamento de dependentes de álcool e outras drogas

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Precisamos de pensar em prevenção inteligente para combatermos o uso de drogas em nosso país e não de militarização do problema.


Prevenção ao uso de drogas: este é o caminho

Curso de prevenção às drogas irá capacitar 25 mil professores de escolas públicas
UNODC integra corpo de tutores do curso promovido pela SENAD e pelo MEC em parceria com UnB



Brasília, 7 de agosto de 2009 - Vinte e cinco mil professores da rede pública de ensino do Brasil irão participar do curso gratuito de Prevenção do Uso de Drogas promovido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) e pelo Ministério da Educação (MEC). Serão quatro meses de capacitação por meio do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília (CEAD/UnB). O curso está previsto para começar na segunda-feira (10) e terá duração de quatro meses.

Cada escola poderá participar com um grupo de cinco professores. Entre outras tarefas, eles vão elaborar um projeto final que deverá ser aplicado à realidade de cada instituição de ensino. Os aprovados receberão um certificado de curso de extensão pela UnB. A iniciativa pretende "capacitar educadores para o desenvolvimento de programas de prevenção do uso de drogas e de comportamentos de risco no contexto escolar, além de possibilitar que os educadores sejam capazes de abordar adequadamente as situações de uso de drogas e encaminhar alunos e familiares para a rede de serviços de atenção à saúde e outras existentes na comunidade".

Durante o curso, haverá um tutor treinado para ajudar na orientação de cada 100 participantes. Os tutores foram selecionados a partir de um curso específico no mês passado. Quatrocentos profissionais de diversas áreas frequentaram as aulas presenciais durante quatro fins de semana. Desses, 250 foram escolhidos. Entre eles estão as assistentes de projetos do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) Fabíola Veiga e Irany Paiva.

Esta é a terceira edição do Curso de Prevenção do Uso de Drogas para Educadores de Escolas Públicas. A primeira versão ocorreu em 2004 e capacitou 5 mil professores. Em 2006, outros 20 mil profissionais da educação participaram. Com isso, o governo brasileiro espera "favorecer o desenvolvimento dos jovens, reduzir os riscos e os danos associados ao uso de drogas nesta faixa etária e reconhecer a escola como um importante agente de prevenção".



Mais informações e contato:

Marcos Ricardo dos Santos Assessoria de Comunicação Tel: +55 (61) 3204-7206 E-mail: marcos.santos@unodc.org

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Argentina e despenalização do consumo de drogas

Argentina defiende la despenalización del consumo de drogas en una reunión regional
Por Agencia EFE
Buenos Aires, 6 ago (EFE).- El Gobierno argentino defendió hoy la despenalización de la tenencia de drogas para consumo personal en la apertura de un encuentro que reúne por primera vez a expertos y funcionarios de Latinoamérica para debatir políticas sobre estupefacientes.
"Esperamos casi con impaciencia un fallo (de la Corte Suprema de Justicia) muy importante, un fallo que va a elaborar la inconstitucionalidad del castigo penal a un usuario privado", sostuvo el jefe de Gabinete argentino, Aníbal Fernández, en la inauguración de la I Conferencia Latinoamericana sobre Políticas de Drogas que se desarrolla en Buenos Aires.
Por su parte, el juez de la Corte Suprema Eugenio Zaffaroni se mostró a favor de políticas que tiendan a "no penalizar al consumidor, que en última instancia sería la víctima", e insistió en la necesidad de combatir "el tráfico de drogas".
El encuentro regional se lleva a cabo en momentos en que se espera que el Gobierno argentino proponga al Parlamento un proyecto de ley para la despenalización del consumo de estupefacientes.
Una investigación realizada por la asociación Intercambios, organizadora de la reunión, y la Universidad de Buenos Aires (UBA) advirtió que más del 70 por ciento de las causas penales registradas por drogas en el país se iniciaron por tenencia para el consumo personal y no por narcotráfico.
"No se persigue el narcotráfico sino a los pequeños ilegalismos", concluyeron los investigadores.
Durante la reunión, auspiciada por la Organización Panamericana de la Salud (OPS), se discutirán las reformas legislativas en el continente americano sobre la despenalización del consumo de drogas y se analizarán los tratamientos existentes para los consumidores.
Al encuentro asisten funcionarios de Ecuador para un debate sobre la decisión del presidente de su país, Rafael Correa, de indultar a 2.221 personas que estaban detenidas por transportar pequeñas cantidades de droga y a quienes se les conoce como "mulas".
También participan de la conferencia representantes "cocaleros" de Bolivia, quienes explicarán la estrategia de ese país "para que se elimine la hoja de coca de la lista de sustancias prohibidas de la Convención Única de Estupefacientes de Naciones Unidas", explicaron fuentes de la organización.
Al encuentro asiste además el diputado brasileño Paulo Teixeira, impulsor de la primera ley de reducción de daños de Brasil; el uruguayo Milton Romani, secretario general de la Junta Nacional de Drogas de ese país; el peruano Hugo Cabieses, director de Desarrollo Rural Sustentable, y expertos de otros países de la región.
Las reformas legislativas en materia de consumo de drogas despertaron polémicas en varios países de Latinoamérica, región que lidera la producción mundial de cocaína, con Colombia, Perú y Bolivia a la cabeza.
El encuentro también cuenta con el auspicio de la Embajada de Gran Bretaña en Buenos Aires, la Embajada de los Países Bajos y la Iniciativa Latinoamericana sobre Drogas y Democracia.

Criminologia

Dos Campeões Não Usam Drogas - por Lauro M M de Almeida
Um pouco de Criminologia

Segundo Sergio Salomão Shecaria:

“Enfim, não existe solução mágica em curto prazo. Precisamos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os policiais a executar sua função com dignidade, criar leis que acabem com a impunidade dos criminosos. E isso nada mais é do que o controle social formal e informal, algo não tão fácil de conseguir.”[1]

Propor soluções para a situação criminal que vivenciamos hoje não é um ato singular.

“Por anos a criminologia, ciência de relevância incontestável, estuda o crime, o criminoso e a criminalidade.”[2]

A pesquisa científica do fenômeno criminal, das suas características, da sua prevenção e do controle da sua incidência conceitua a criminologia. Portanto, qualquer solução que proponha envolver o fenômeno criminal passa necessariamente pela análise da criminologia[3].
Neste capítulo apresentaremos algumas teses estudadas na ciência criminal e que procuram entender o fenômeno crime, apresentadas nos principais livros de criminologia.
Em primeiro lugar procuraremos entender o que vem a ser controle social do delito[4]. Ao conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e normas comunitários da-se o nome de controle social[5]. Organiza-se o controle social em dois sistemas articulados: o controle social informal e o controle social formal. Família, escola, profissão, opinião pública, grupos de pressão, clubes de serviço etc. representam o controle social informal. Já o aparelho político do Estado (polícia, magistratura, ministério público, exercito etc.) espelham o controle social formal.

“Na falha das instâncias informais de controle social entram em ação as agências de controle formais.”[6]

Certo que a efetividade do controle social informal é muito maior que a do controle social formal desembocamos na necessidade do empenho maciço na formação educacional de nossa população. Esta premissa de tão lógica se torna acaciana.
Enfocando nestes dois controles sociais, a criminologia examina:

“as diferentes visões justificadoras do delito, explicativas ou críticas (...)”.[7]

Podemos examinar o problema criminológico frente às teorias funcionalistas (ou consenso) e teorias do conflito. A primeira entende que a finalidade da sociedade é atingida quando existente uma perfeita funcionalidade entre as instituições. A segunda hipótese acredita que a ordem social depende da dominação de alguns em contraposição à submissão de outros. O crime representaria, na visão consensualista, uma disfunção, uma anormalidade frente à funcionalidade institucional, de ordem. No que concerne a visão conflitiva, acreditando-se em uma permanente luta pelo poder, poder este que só pode ser mantido pela coerção, o crime seria um meio para alcançar o poder.

“A escola de Chicago, a teoria da associação diferencial, a teoria da anomia e a teoria da subcultura delinqüente podem ser consideradas teorias do consenso. Já as teorias do labelling e crítica partem de visões conflitivas da realidade.”[8]

6.1. A Escola de Chicago

O pensamento da escola de Chicago (1920), centrado na Universidade de Chicago, convencionou-se chamar de ecologia criminal, ou desorganização social.
Em linhas basilares, devemos entender por desorganização social o processo resultante das transformações “ecológicas” do crescimento das grandes cidades. Aumentando-se a cidade logo observamos os problemas relacionados à infra-estrutura inerente. Tratamos de uma reurbanização não planejada, originando a existência de áreas de delinqüência. Toda grande cidade possui uma zona central comercial, seguida de outra intersticial e uma terceira, residencial. A zona de transição abrigaria uma tendência a abrigar áreas de degradação e de incidência criminal relevante. Para o combate a esta criminalidade, propõe a escola de Chicago:

“mudança efetiva das condições econômicas e sociais das crianças, alterando-se o caminho que fornece as condições para a existência das carreiras delinqüentes.”[9]

Aconselha que o tratamento e prevenção do crime demandam programas junto à comunidade.

“Se o crime é um fenômeno associado à cidade, a reação ao crime também o é.”[10]

A estética da cidade é primordial para prevenção da criminalidade. Estética e qualidade de vida das pessoas andam juntas. A política conhecida como “tolerância zero”, ressurgida em Nova York, nada mais é do que a uma vertente da teoria da escola de Chicago. Muito mal entendida no Brasil, a política da tolerância zero prega medidas preventivas em muito maior escala do que medidas repressivas.

“Em realidade, não foi a repressão – um dos aspectos da política de tolerância zero – que permitiu a redução da criminalidade em Nova York, mas sim a associação de fatores econômicos favoráveis com oferta de oportunidade às camadas marginais para uma integração social.”[11]

6.2. Teoria da Associação Diferencial (Edwin Sutherland)

Para esta teoria todo comportamento tem sua origem social; ou como moda, imitação, costume, obediência ou educação, o comportamento tem sua origem definida. O crime seria resultado de uma socialização incorreta.

“Por outro lado, segundo a chamada teoria da associação diferencial, o comportamento do delinqüente é apreendido, jamais herdado, criado ou inventado pelo autor.”[12]

Na base da associação diferencial estaria o conflito cultural uma vez que a sociedade se compõe de vários grupos com culturas diversas.

6.3. Teoria da Anomia (Émile Durkheim e Robert Merton)

Representando uma das teorias funcionalistas, a teoria da anomia entende o combate à criminalidade a partir do estudo não de suas causas, mas sim de suas conseqüências. O significado do termo anomia é sem lei (a = ausência; nomos = lei), injustiça, desordem e desintegração das normas sociais. Em linhas simples, a falta de lei ou a lei insuficiente contribui para o fenômeno da impunidade. O grande problema da impunidade é o gerar na consciência coletiva a percepção da anomia e a falsa impressão da legalidade. Atualmente um administrador público esta sujeito a ser processado por improbidade administrativa se faltar à legalidade e também se faltar à moralidade.

“Com base nas combinações desses diferentes modos de comportamento – conformidade, ritualismo, retraimento, inovação e rebelião – Merton propõe um conceito de sociedade anômica invocando as lições de MacIver. Para esse autor, anomia está associada ao estado de espírito de alguém que foi arrancado de suas razões morais, que já não segue quaisquer padrões, mas somente necessidades avulsas, e que já não tem senso de continuidade, de grupo, de obrigação. O homem anômico é espiritualmente estéril, reage somente diante de sí mesmo e não é responsável para com ninguém. Ele ri dos valores dos outros homens. Sua única fé é a filosofia da negação.”[13]

6.4. Teoria da Subcultura Delinqüente

A teoria da subcultura delinqüente:

“(...)pode ser resumida como um comportamento de transgressão que é determinado por um subsistema de conhecimento, crenças e atitudes que possibilitam, permitem ou determinam formas particulares de comportamento transgressor em situações específicas. Esse conhecimento, essas crenças e atitudes precisam existir, primeiramente, no ambiente cultural dos agentes dos delitos e são incorporados à personalidade, mais ou menos como quaisquer outros elementos da cultura ambiente.”[14]

Segundo o idealizador desta teoria, Albert Cohen, a subcultura delinqüente caracteriza-se por três fatores: não-utilitarismo da ação, malícia da conduta e seu negativismo.
A falta de finalidade na conduta criminosa, o não-utilitarismo do crime, choca-se com o entendimento dos principais teóricos da criminalidade que defendem a existência de uma razão justificável racionalmente para o cometimento do crime. Estamos diante da banalização do crime.
A malícia da conduta refere-se ao prazer do criminoso em desconcertar o outro, deleitar-se com o desconforto alheio.
A negação dos padrões e normas sociais dominantes, como forma hedônistica em mostrar seu descontentamento ao status quo vigente encerra o ciclo de características da subcultura delinqüente.

6.5. Labelling Approach (teoria da rotulação social, etiquetagem, teoria interacionista ou da reação social)

O labelling approach, corrente criminológica dos anos 60, surgida nos Estados Unidos, representa:

“um marco da chamada teoria do conflito”[15].

Os estudos criminológicos a partir de então terão sua base de reflexão voltada para o sistema de controle social e suas conseqüências. Estamos diante da idéia segunda a qual a intervenção da justiça criminal pode aprofundar a criminalidade. Esta idéia já era ventilada desde os anos 30. Partindo do princípio de que as relações sociais em que as pessoas estão inseridas as condicionam reciprocamente, o labelling approuch enfoca o problema criminológico não mais do plano da ação, invertendo as reflexões para o plano da reação. O controle formal é analisado frente às conseqüências que origina. Discriminatório e seletivo sujeita a humilhação e rejeição e estigmatização a pessoa a ele submetida. Desencadeando as desviações secundárias, o controle formal, ao menos em algumas de suas etapas, apresenta-se como verdadeira escola do crime.

6.6. Teoria Crítica ( Ian Taylor, Paul Walton e Jock Yong)

Crítica ao pensamento criminológico tradicional. Dividi-se em três correntes: o neo-realismo de esquerda, a teoria do direito penal mínimo e o pensamento abolicionista. A partir do pensamento marxista, o crime é um fenômeno dependente do modo de produção capitalista. Quem define o que é ou deixa de ser crime, é a classe dominante.
[1] Criminologia / Sergio Salomão Shecaria. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2004, pág. 23.
[2] Compêndio de Criminologia. Hilário Veiga de Carvalho, pág. 11.
[3] “Compete, enfim à Criminologia, servindo-se do método científico, o estudo do criminoso e do crime, como acontecimentos sociais que são, provindos de múltiplas causas internas e externas. Minudenciando a conceituação, o criminologista Orlando Soares indica, com descortino, que a Criminologia é a ciência que pesquisa: as causas e concausas da criminalidade; as causas da periculosidade preparatória da criminalidade; as manifestações e os efeitos da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade; a política a opor, assistencialmente à etiologia da criminalidade e à periculosidade preparatória da criminalidade” Criminologia Integrada / Newton Fernandes, Valter Fernandes. – 2. ed. ver; atual. E ampl. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2002.
[4] Criminologia / Sergio Salomão Shecaria, Editora RT, 2004, pág. 55.
[5] Ibidem, pág. 56.
[6] Ibidem, pág. 56.
[7] Ibidem, pág. 133.
[8] Ibidem, pág. 134.
[9] Ibidem, pág. 166 e 167.
[10] Ibidem, pág. 167.
[11] Ibidem, pág. 173.
[12] Curso de Criminologia / Orlando Soares – Rio de Janeiro; Forense, 2003, pág. 255.
[13] Criminologia / Sergio Salomão Shecaria – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2004, pág. 228.
[14] Ibidem, pág. 249.
[15] Ibidem, pág. 272.

Drogas e controle geopolítico americano - Walter Fanganielo Maierovictch


Já escrevi tanto que perdi a conta. Também falei em inúmeros foros internacionais — incluídos os sob o patrocínio das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) — que a War on Drugs é utilizada para esconder, camuflar, interesses geoestratégicos, geopolíticos e geoeconômicos.
No momento, os EUA e a Colômbia — como ficou acertado em Washington na visita feita por Álvaro Uribe a Barack Obama e a anteceder o G8 deste julho — cuidam de alinhavar o projeto de construção de três (3) bases militares em território colombiano: Palanquero, Malambo e Apiay.
As futuras bases de Malambo e Palanquero estarão em posição topográfica a permitir, sob o prisma militar, ataques à Venezuela.
A terceira base, Apiay, permitirá o controle da região próxima à chamada Cabeça do Cachorro (onde o mapa do Brasil tem esse formato) e a cobrir o curso do venezuelano rio Orinoco, que corta área de extração de petróleo.
Quando teve de devolver o Canal do Panamá (1999), os EUA instalaram bases militares em Aruba (Antilhas Holandesas), Curaçao (Antilhas Holandesas), Iquitos (Peru) e Manta (Equador). A motivação dada para as instalações: “Guerra às Drogas”.
Parêntese. O atual presidente do Equador não renovou o acordo de cooperação com relação à base americana de Manta, daí mais três na Colômbia, fora a implantada, de fato, na Bolívia.
As novas três bases militares colombianas estão sendo implementadas com base no velho discurso: cooperação na luta contra as drogas. Pergunta-se: por que não deram certo as outras (Curaçao, Aruba, Iquitos e Manta) no que toca à redução de oferta ?
Como escreveu a brilhante jornalista Eliane Cantanhêde, na Folha de hoje, os governos do Brasil e da Espanha articulam reações conjuntas, a envolver a União Europeia e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), contra a intenção dos EUA de ampliarem sua presença militar na Colômbia.
O falido Plan Colombia, que consumiu US$ 5,0 bilhões em cinco anos, teve início para combater a oferta de cocaína, a partir da destruição de plantios de folhas de coca. No segundo mandato de Bush, o Plan Colombia mudou e voltou-se a reprimir e demonizar as Farc, que passaram a ser consideradas como uma organização terrorista e de exploração do narcotráfico.
PANO RÁPIDO. Para grande surpresa, o presidente Barack Obama continua, como os anteriores presidentes, a querer controlar militarmente a América Latina. No México, a Guerra às Drogas do presidente Calderón tem apoio dos EUA.
Tudo começou no governo do presidente Ronald Reagan.
Reagan iniciou uma guerra às drogas sem limitação de fronteiras. Esse foi o pretexto dado para os EUA, na América Latina, que era considerada um seu quintal, combater o comunismo.
No particular, nada muda com Obama, cujo czar antidrogas da Casa Branca, ao assumir o cargo, sentenciou que o modelo militarizado de guerra às drogas não tinha dado certo. Parece que não é o que pensa Obama.
–Wálter Fanganiello Maierovitch–