quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Drogas e controle geopolítico americano - Walter Fanganielo Maierovictch


Já escrevi tanto que perdi a conta. Também falei em inúmeros foros internacionais — incluídos os sob o patrocínio das Nações Unidas (ONU) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) — que a War on Drugs é utilizada para esconder, camuflar, interesses geoestratégicos, geopolíticos e geoeconômicos.
No momento, os EUA e a Colômbia — como ficou acertado em Washington na visita feita por Álvaro Uribe a Barack Obama e a anteceder o G8 deste julho — cuidam de alinhavar o projeto de construção de três (3) bases militares em território colombiano: Palanquero, Malambo e Apiay.
As futuras bases de Malambo e Palanquero estarão em posição topográfica a permitir, sob o prisma militar, ataques à Venezuela.
A terceira base, Apiay, permitirá o controle da região próxima à chamada Cabeça do Cachorro (onde o mapa do Brasil tem esse formato) e a cobrir o curso do venezuelano rio Orinoco, que corta área de extração de petróleo.
Quando teve de devolver o Canal do Panamá (1999), os EUA instalaram bases militares em Aruba (Antilhas Holandesas), Curaçao (Antilhas Holandesas), Iquitos (Peru) e Manta (Equador). A motivação dada para as instalações: “Guerra às Drogas”.
Parêntese. O atual presidente do Equador não renovou o acordo de cooperação com relação à base americana de Manta, daí mais três na Colômbia, fora a implantada, de fato, na Bolívia.
As novas três bases militares colombianas estão sendo implementadas com base no velho discurso: cooperação na luta contra as drogas. Pergunta-se: por que não deram certo as outras (Curaçao, Aruba, Iquitos e Manta) no que toca à redução de oferta ?
Como escreveu a brilhante jornalista Eliane Cantanhêde, na Folha de hoje, os governos do Brasil e da Espanha articulam reações conjuntas, a envolver a União Europeia e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), contra a intenção dos EUA de ampliarem sua presença militar na Colômbia.
O falido Plan Colombia, que consumiu US$ 5,0 bilhões em cinco anos, teve início para combater a oferta de cocaína, a partir da destruição de plantios de folhas de coca. No segundo mandato de Bush, o Plan Colombia mudou e voltou-se a reprimir e demonizar as Farc, que passaram a ser consideradas como uma organização terrorista e de exploração do narcotráfico.
PANO RÁPIDO. Para grande surpresa, o presidente Barack Obama continua, como os anteriores presidentes, a querer controlar militarmente a América Latina. No México, a Guerra às Drogas do presidente Calderón tem apoio dos EUA.
Tudo começou no governo do presidente Ronald Reagan.
Reagan iniciou uma guerra às drogas sem limitação de fronteiras. Esse foi o pretexto dado para os EUA, na América Latina, que era considerada um seu quintal, combater o comunismo.
No particular, nada muda com Obama, cujo czar antidrogas da Casa Branca, ao assumir o cargo, sentenciou que o modelo militarizado de guerra às drogas não tinha dado certo. Parece que não é o que pensa Obama.
–Wálter Fanganiello Maierovitch–

Nenhum comentário:

Postar um comentário