segunda-feira, 12 de abril de 2010

Serra é contra a descriminalização da maconha ao contrário de FHC

ÉPOCA – O que o senhor pensa da tese da descriminalização da maconha? Serra – Eu sou contra. A maconha é um caminho de entrada para drogas mais pesadas. Por outro lado, a rede que se cria no tráfico também é uma escola de quadros para o crime organizado.

ÉPOCA – As drogas são um dos principais problemas da juventude nos grandes centros urbanos. Como o governo federal deve se engajar no combate às drogas? Serra – Acho que o governo federal tem de ampliar consideravelmente sua participação em parceria com Estados e municípios. O governo federal faz as normas, define as políticas, cria incentivos, transfere recursos, mas ele não é um executor predominantemente. No enfrentamento do problema das drogas, você tem de ter uma combinação de três coisas: tratamento, educação e opções culturais e de trabalho.
ÉPOCA – O enfrentamento das drogas tem a ver com segurança pública – uma atribuição conferida pela Constituição aos governos estaduais. E há uma queixa dos Estados de que o governo federal, por causa disso, não faz as coisas necessárias nessa área. Serra – Muita gente critica a ideia do Estado mínimo e do Estado omisso. Pois eu acho precisamente que o governo federal, na questão da segurança, é minimalista. Ele deveria coordenar o trabalho da segurança, e não apenas pelo fato de que a base do crime organizado é o contrabando de drogas e de armas, cuja repressão é de competência predominantemente do governo federal. O governo federal tem de se jogar de corpo e alma na questão da segurança. Não tem mais sentido considerá-la como exclusiva dos Estados. Na prática, isso significa inclusive promover as mudanças legislativas que sejam necessárias. Na proteção das fronteiras, a Polícia Federal tem melhorado muito sua ação, mas ela ainda é obviamente insuficiente. A PF tem um problema também. Ela não pode crescer o tempo inteiro, numericamente. Ela deve ter um crescimento gradual para não comprometer sua eficiência.

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