segunda-feira, 26 de abril de 2010

Indígenas ganham tratamento psicológico contra as drogas


Diário do Nordeste
Vida ameaçada: os índios brasileiros precisam de atenção do poder público

A partir de hoje, os índios contam com assistência terapêutica para tratar problemas da modernidade urbana. Os problemas gerados pelo uso indiscriminado de drogas, que hoje chegam às comunidades indígenas com intensidade e fazem com que o índio busque no divã a terapia ideal para amenizá-los ou resolvê-los começam a ser tratados, a partir desta segunda-feira, em Fortaleza.Com o propósito de encontrar saídas para a prevenção e atenção às consequências do uso de drogas por parte dos índios, é que 60 representantes de sete etnias de todas as regiões brasileiras estarão a partir de hoje, participando do lançamento do Projeto de Formação de Lideranças Indígenas em Terapia Comunitária, Massoterapia e Técnicas de Resgate da Autoestima Indígena (TC).Este Projeto de iniciativa da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), ligada à Presidência da República em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC), tem embasamento maior no apoio do Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitária do Ceará- Projeto Quatro Varas, do bairro Pirambu, que já é referência nacional e internacional.O lançamento acontece às 11h30, na sede do Projeto Quatro Varas, localizado na rua Profeta Izaías, 456, Pirambu. O primeiro dos quatro módulos previstos que será lançado em Fortaleza e implementado na Praia do Morro Branco, faz parte do projeto piloto de caráter inovador do Senad, que visa formar agentes multiplicadores, e se estenderá até o dia 2 de maio. A segunda parte será realizada em Porto Seguro, na Bahia.O projeto cearense Quatro Varas, nascido no bairro do Pirambu, continua fazendo história. Criado há 23 anos, como programa de extensão da UFC, hoje é difundido em todo o Brasil e em alguns países europeus e já é programa oficial do Governo Federal. Devido à experiência e eficácia das técnicas de resgate à autoestima em comunidades por todo o País, tendo inclusive, sido adotada pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS).O professor Weibe Costa, responsável pela coordenadoria da Organização dos Professores Indígenas do Ceará e membro da Comissão Nacional de Política Indigenista do Ministério da Justiça, aponta fatores que acarretam na disseminação do álcool e outras drogas na população indígena. Para ele, o não índio exerce forte influência nessa situação, pois além de levar às drogas até as comunidades, também intervém diretamente na ajuda ao consumo, principalmente, do álcool."Hoje, infelizmente, não é só o álcool, que podemos encontrar facilmente numa comunidade indígena, mas a maconha e até mesmo o crack", afirmou Weibe. O professor vê na falta de regulamentação fundiária o principal facilitador para o tráfico de drogas."O Estatuto dos Índios, contempla em sua Lei Nº 6001-73 que é proibido a oferta e venda de bebidas alcoólicas a índios e isso se constitui em crime, mas como as comunidades indígenas ainda não foram legalmente demarcadas e homologadas, isso beneficia o livre acesso por parte de não-índios que passam a colocar vendas, nas áreas, tanto álcool como outros tipos de drogas, na comunidade", disse."A comunidade dos Pitaguaris, que habita os municípios de Maracanaú e Pacatuba, apesar de não estar incluída nas áreas demarcadas, no entanto, estão delimitadas e isso já ensejou uma ação originária do Ministério Público proibindo pontos de vendas de álcool aos pitaguaris".SAIBA MAIS ENTREVISTA DIFERENÇAA Terapia Comunitária (TC) foi criada pelo psiquiatra e professor da UFC, Adalberto Barreto e hoje pode ser dirigida por um facilitador, o psicoterapeuta comunitário, que não é necessariamente um psicólogo. Nela não há interpretação e nem análise, diferentemente da Psicoterapia de Grupo . O programa de TC já está instalado no País. Cada Estado possui um polo formador, contabilizando 27 ao todo e foram treinadas 11.500 pessoas.

ADALMIR PONTE REPÓRTER

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