segunda-feira, 22 de junho de 2009

O que seu filho quer ser quando crescer?


Talvez esta seja uma das perguntas mais importantes que um pai deva fazer ao seu filho durante todo o seu desenvolvimento. Este desejo de ser algo envolve algumas concepções de formação de caráter e personalidade que, se acompanhados, indicarão o caminho que esta criança/jovem esta começando a seguir.
Dr. Içami Tiba, em seu livro Anjos Caídos - como prevenir e eliminar as drogas na vida do adolescente – Editora Gente, 12.º edição, explica os cinco pilares que são quebrados quando do uso de drogas: ética, disciplina, gratidão, religiosidade e cidadania. Estes pilares nada mais são que representações do superego adquirido de uma forma positiva.
Todo desenvolvimento humano normal em família possui como pano de fundo a identidade do superego dos pais. Às vezes mais liberais, às vezes mais conservadores, mas sempre com um objetivo explicito ou implícito. A criança e o jovem quando acompanhadas iniciam uma escalada própria rumo a sua libertação econômica, religiosa, moral, familiar que consiste em lutar contra as dificuldades naturais (escola, relacionamentos, auto-aceitação, colocação no mercado de trabalho, etc...). Surge então o desejo de ser algo profissionalmente. Este singelo querer impulsiona a criança, o jovem a lutar para adquirir condições de realizar o que deseja. O poder destruidor das drogas, e talvez este seja o pior malefício que ela pode causar é o de interferir nos sonhos das pessoas, naquilo a que eles estariam se propondo ser.

“Um dia uma criança chegou diante de um pensador e perguntou-lhe: Que tamanho tem o universo? Acariciando a cabeça da criança, ele olhou para o infinito e respondeu: O universo tem o tamanho do seu mundo.
Perturbada ela novamente indagou: Que tamanho tem meu mundo? O pensador respondeu: Tem o tamanho dos seus sonhos.
Se os seus sonhos são pequenos, sua visão será pequena, suas metas serão limitadas, seus alvos serão diminutos, sua estrada será estreita, sua capacidade de suportar as tormentas será frágil.
Os sonhos regam a existência com sentido. Se seus sonhos são frágeis, sua comida não terá sabor, suas primaveras não terão flores, suas manhãs não terão orvalho, sua emoção não terá romances.
A presença dos sonhos transforma os miseráveis em reis, e a ausência dos sonhos transforma milionários em mendigos. A presença dos sonhos faz de idosos, jovens, e ausência de sonhos faz jovens, idosos[1].”

O desejo de ser torna-se confuso, distante e oportunista. Passa-se a querer tudo, mas perde-se o foco. Os pilares conquistados na personalidade da criança ou jovens começam a se afrouxar. Como ter um plano sem uma disciplina?

“Disciplina é a capacidade de se organizar globalmente para resolver situações diárias, sem estar aprisionado a métodos. Ela abole a necessidade de cobrança externa, já que o ser humano assume suas responsabilidades”[2].

Quanto mais ao longe estiver à disciplina, distante também estarão os resultados pretendidos. As drogas interferem no ciclo do sono e no ciclo da fome. Disciplina biológica quebrada reflete-se na disciplina psicológica. Este o primeiro indicio da presença das drogas.
A ética também se afrouxa. Entramos na seara da mentira. A mentira para esconder a quebra da disciplina, os resultados negativos, as explicações de “furos”. A qualidade do comportamento de uma pessoa será medida pela ética que ela possui.
Se avançarmos um pouco mais nos malefícios psicológicos do uso de drogas encontraremos a perda da gratidão. Se o uso de drogas envolve um “pool” de conseqüências nefastas tanto individualmente como coletivamente, causando um embaraço enorme para aqueles que usam e se escondem atrás de suposta aparência de normalidade, nos perguntamos como um filho, um pai, um marido, uma esposa pode comprometer estas pessoas, a partir de uma escolha própria, escolha esta prejudicial? A explicação está na diminuição ou até desaparecimento da gratidão.

“Um dos sentimentos fortes que unem as pessoas e completam o amor ao próximo é a gratidão; Ao cortar o sentimento de gratidão, a droga se insurge contra à civilização. Quem vive civilizadamente tem de estar grato a tudo o que pode usufruir da humanidade: tudo o que existe à nossa volta foi mantido, melhorado, inventado ou criado por alguém, algum dia, em algum lugar”.[3]

De forma pratica quem ira sentir de perto a falta de gratidão serão as pessoas mais próximas. Gratidão e religiosidade. O sentimento humano baseia-se em relacionamentos.
O relacionamento familiar pleno, voltado para promover saúde física, psicológica e relacional infere-se na religiosidade. Não estamos falando de religião, mas de religiosidade. Estamos falando de família, de sentimento de pertencer a ela e de que ela também nos pertence. O uso da droga faz com que a menosprezemos.

“Um integrante não pode ser sempre mais importante que a família toda. Se assim fosse, a religiosidade estaria centrada neste integrante, e não na família.” [4]

Por fim, a cidadania desaparece.

“A qualidade do relacionamento humano, o que não se encontra em nenhum outro animal” [5]

Aqui é notório o efeito degradante em nossa sociedade. Cidadania é escolha em prol do bem comum. São direitos e deveres. Requer participação. O drogado não participa, ele apenas esta presente, porém confuso. Suas idéias são incompletas, são inexatas, são fáceis. Suas soluções frágeis como seu próprio aparelho psíquico.

“A juventude mundial está perdendo a capacidade de sonhar. Os jovens têm muitos desejos, mas poucos sonhos. Desejos não resistem às dificuldades da vida, sonhos são projetos de vida, sobrevivem ao caos.”[6]



















[1] Nunca desista dos seus sonhos / Augusto Cury – Rio Janeiro : Sextante, 2004, pág. 11 e 12.
[2] Anjos Caídos – como prevenir e eliminar as drogas na vida do adolescente, Editora Gente, 12.º edição, pág. 87.
[3] Ibidem, pág. 89.
[4] Ibidem, pág. 90.
[5] Ibidem, pág. 92.
[6] Nunca desista dos seus sonhos / Augusto Cury – Rio de Janeiro : Sextante, 2004, pág. 12

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