SÃO PAULO - O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu hoje liminar a mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e suspendeu a realização amanhã, na capital paulista, da "Marcha da Maconha", passeata que defende a descriminalização da droga no País.Na decisão expedida na tarde de hoje, a desembargadora Maria Tereza do Amaral cancelou a promoção do evento sob o argumento de que ele representa "uma manifestação de uso público coletivo da maconha". "Porquanto não se trata de um debate de ideias, mas de uma manifestação de uso público coletivo da maconha", escreveu a desembargadora.Em pedido ajuizado no início da semana, o promotor de Justiça Walter Tebet Filho exigiu a suspensão do evento devido ao conteúdo de mensagens publicadas na internet pelos organizadores da marcha. De acordo com o promotor, eles "conclamam à prática de conduta ilícita, inclusive alardeando que, em ato simbólico, cada um acenderá seu cigarro de maconha" durante a passeata.A desembargadora determinou que a decisão fosse comunicada com urgência à Prefeitura de São Paulo e às polícias Civil e Militar. Essa foi a segunda vez que o MP-SP consegue na Justiça a suspensão da marcha na capital paulista, cancelada também no ano passado.Tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação que visa a suspensão de qualquer decisão judicial contrária a manifestações em defesa da legalização das drogas no País. A medida foi ingressada em agosto pela ex-procuradora-geral da República Deborah Duprat, que deixou o cargo em julho de 2009.No documento entregue aos ministros do STF, Duprat defendeu que a liberdade de expressão assegurada pela Constituição garante o direito de o cidadão defender a legalização das drogas sem que isso seja considerado apologia ao crime. Na interpretação da ex-procuradora-geral, as decisões que proíbem atos que defendem a descriminalização das drogas, como a que tornou ilegal a Marcha da Maconha em 2009, não levam em conta a liberdade de expressão dos manifestantes.Deborah sustentou que muitas das decisões "interpretam com equívoco" as normas legais e avaliam os atos públicos como meios de apologia ao crime. "A interpretação pode conduzir - e tem conduzido - à censura de manifestações públicas em defesa da legalização das drogas, violando os direitos das pessoas e grupos censurados", argumentou.
O presidente mexicano Felipe Calderon está em Tóquio.
Ele busca auxílio financeiro do governo japonês. Isto para prosseguir numa aventura, ou seja, na war on drugs iniciada no primeiro dia do seu mandato (1/12/2006) em parceria com o então presidente George W. Bush.
Diante do fracasso do Plan Mérida, uma espécie de Plan Colômbia que os “falcões” de Bush prepararam para o México, o atual hóspede da Casa Branca, presidente Barack Obama, descartou ajuda à guerra de Calderon, que emprega e desmoraliza o Exército mexicano.
Obama sabe, por exemplo, que 70% dos mortos dessa guerra eram civis. E as vítimas não tinham vinculação com o tráfico de drogas ou com os cartéis. Estes, na guerra, vencem a polícia e o Exército.
Calderon permanecerá três dias ao Japão. De fato, usa a viagem para a passar o pires. O discurso oficial fala em visita comemorativa dos 400 anos de amizade entre os dois países.
No seu primeiro dia de Tóquio, Calderon foi surpreendido com a repercussão negativa sobre o massacre ocorrido na Ciudad Juarez, no final de semana, que faz fronteira com a norte-americana El Passo: o potente Cartel Juarez metralhou e eliminou 18 jovens estudantes, reunidos numa festa de aniversário.
Na Ciudad Juarez, só para se ter idéia da war on drugs de Calderon e Bush, foram assassinados, entre os anos de 2008 e 2009, 1.632 mexicanos.
A imprensa japonesa, em razão da visita, destaca o fracasso da war on drugs de Calderon e Bush. Questionado em entrevista, Calderon atribuiu o massacre na Ciudad Juarez a um “acerto de contas entre grupos rivais”. Em síntese, nada explicou e, pela colocação, não descartou a possibilidade de os 18 jovens estudantes mortos pertencerem a facções criminosas.
Calderon, quando apertado pela imprensa, acaba sempre se destemperando. Mais ainda, ele sabe que os mexicanos não mais apóiam a sua política militarizada de guerra às drogas. Nervoso, o presidente Calderon chegou a afirmar que 90% das armas em posse de traficantes mexicanos são made in USA e que funcionários de fronteira, do lado norte-americano, são corruptos.
PANO RÁPIDO. Em 2008, a war on drugs mexicana produziu 6 mil mortos: 1.600 moravam em Ciudad Juarez.
A Câmara e o Senado impuseram a Calderon uma novidade legislativa em junho de 2009, para reduzir a violência. O presidente mexicano teve de sancionar a nova lei. Com ela se legalizou a posse, para consumo próprio, de pequenas quantidades de cocaína, maconha, heroína, anfetaminas e metanfetaminas. Os resultados, no que toca à violência, são melhores do que a “guerra às drogas” de Calderon.
Wálter Fanganiello Maierovitch