quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Maconha gera 60% do lucro líquido dos cartéis mexicanos. Legalizar já, propõe Castañeda

Terra Brasil


O ex-ministro de Relações Exteriores do México, Jorge Castañeda (Foto: EFE)

A agência antidrogas do governo norte-americano (DEA) acostumou-se, nos dois mandatos do ex-presidente George W. Bush, a alimentar com dados estatísticos o discurso para se recrudescer a war on drugs (guerra às drogas).

Para os mais lúcidos, as estatísticas da DEA servem para confirmar a absoluta falência da war on drugs, incorporada nas convenções das Nações Unidas e vigentes desde 1961.

Criminalizar, encarcerar o usuário e executar projetos milionários e ruinosos, como o Plan Colômbia, Plan Mérida (México), Plano Dignidade (Bolívia), só fazem crescer a indústria da droga e os seus lucros fabulosos: 300 bilhões anuais, por baixo, circulam nos bancos.

Em 2010, o último dado apresentado pela Agência Antidrogas dos EUA (DEA) revela que 60% dos lucros líquidos obtidos pelos cartéis mexicanos são provenientes do tráfico de maconha. E como todos sabem, os cartéis mexicanos e colombianos abastecem o mercado de maconha dos EUA.

Sobre isso, Jorge Castañeda Guzmán, ex-ministro de Relações Exteriores do México e professor da Universidade de Nova York, fez duas contundentes observações.

Primeiro: “O consumo de drogas nos EUA não diminuiu em nada nos últimos dez anos e não existem razões ou medidas que possam levar a pensar em mudanças futuras no estado das coisas. De fato, os EUA andam em direção oposta, ou melhor, não aceitam a descriminalização da maconha, não há uma tolerância maior às formas de redução de danos ( . . .) e, enfim, resistem à adoção de uma política menos repressiva sobre drogas”.

Segundo: “É absurdo admitir que centenas de policiais, soldados e pequenos traficantes, morram por causa da guerra às drogas em Tijuana, quando cerca de 100 quilômetros ao norte, em Los Angeles, existem mais pontos de comércio de maconha terapêutica do que escolas públicas, como mostrado pelo jornal The New York Times”.

A opinião de Castañeda, que avisa que os EUA e o México devem caminhar juntos na legalização da maconha, está na revista Foreign Policy de fevereiro, que acaba de ser distribuída. ”Uma estratégia mais sábia e competente para o México seria unir-se aos EUA para propor a legalização da marijuana e da heroína”, sustenta Castañeda.

PANO RÁPIDO. O presidente mexicano Felipe Calderón, um súcubo do então desgoverno W. Bush, colocou no seu país, ao adotar a war on drugs, uma camisa de sete varas. Nessa sua guerra, reprovada pela população, os cartéis vencem e a desmoralizam o Exército nacional, envolvido no combate. As tragédias são diárias, pois, morrem mais civis inocentes do que membros dos cartéis.

Enquanto isso, e para tentar ocupar espaço na mídia internacional, um trio de fracassados em políticas de enfrentamento ao fenômeno das drogas proibidas, deita falação: Fernando Henrique Cardoso, Gaviria (Colômbia) e Zedillo (México).

Gaviria foi o presidente ao tempo em que se tornaram transnacionais os cartéis de Pablo Escobar (Medellín) e dos irmãos Orejuela (Cali).

Zedillo quebrou financeiramente o México, enquanto os cartéis mexicanos conseguiram os maiores lucros da sua história.

O ex-presidente FHC copiou a política repressiva e criminalizante dos EUA e a sua lei sobre drogas apenava com prisão o usuário.

Como numa comédia dos Três Patetas, o trio FHC-Gaviria-Zedillo quer ensinar como enfrentar o tráfico, a demanda e o consumo de drogas.

Wálter Fanganiello Maierovitch

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