domingo, 31 de julho de 2011

Fundação Casa: 40% das internações ocorrem por envolvimento com drogas

EM 2006, 52% DOS INFRATORES ATENDIDOS PELA FUNDAÇÃO CASA ERAM DETIDOS POR CAUSA DE ROUBOS, ATUALMENTE 40% SÃO POR ENVOLVIMENTO COM ENTORPECENTES
Segundo pesquisa realizada pelo Cratod, 40% dos jovens atendidos por uso não ingressaram na adolescência e iniciaram o uso de drogas entre os 7 e 11 anos

Janyne Godoy

Cada vez mais os jovens estão envolvidos em delitos e o tráfico de drogas é o crime com maior incidência, representando 40% das internações de adolescentes na Fundação Casa. Em 2006, a maior parte dos infratores (52%) era detida por roubos.
O Levantamento Nacional do Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei, coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, mostra que no país, no ano passado, as medidas socioeducativas cresceram 4,5% em comparação com 2009. Neste ano, de acordo com a Fundação Casa, já são 8.243 jovens de 12 a 21 anos internos.
Segundo o promotor Gilberto Porto Camargo, da Promotoria da Infância e Juventude, em Rio Claro os números não são diferentes e hoje o uso ou tráfico de drogas está ligado à maioria dos casos de internação. “A maior incidência de crimes cometidos pelos adolescentes tem ligação com o uso ou tráfico de drogas, que também estimula outras práticas delituosas, como o roubo e furto”, explica o promotor.
Para ele, esse aumento de adolescentes envolvidos com o uso e tráfico de entorpecentes acontece por questões sociológicas, acesso fácil e falta de estrutura familiar. “Primeiro, cada vez mais a desigualdade social afeta as famílias, além disso tem a falta de um sistema de educação adequado, acesso à cultura, esporte e lazer restritos, e a distribuição de renda está nas mãos de poucos, esses são alguns dos motivos que levam os jovens a partirem para o tráfico”, fala.
“Em segundo está o acesso fácil às drogas. Hoje elas estão em toda parte, na escola, no trabalho, no bairro, é muito fácil comprar as substâncias entorpecentes, e tem também o lado da orientação familiar, que está cada vez mais distante das crianças e dos adolescentes”, salienta.
Para ele, os poderes públicos têm um papel importante e devem atuar de maneira eficaz na prevenção e tratamento ao uso de drogas.
Segundo pesquisa realizada pelo Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, 40% dos jovens atendidos por uso nem sequer ingressaram na adolescência, iniciando o uso de drogas entre os 7 e os 11 anos. O estudo foi realizado entre 2007 e 2009 com 112 jovens, de 12 a 18 anos, que são atendidos no Cratod.
Dos entrevistados, 2% possuem apenas 7 anos, 4% têm 8 anos, 9% estão com 10 anos, e 15% têm 11 anos. Pelo menos 33% dos jovens usuários com 11 anos disseram estar fora da escola e 91% dos estudantes do último ano do Ensino Médio apresentaram defasagem escolar.

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