26 de julho de 2011
Droga sintética
Neste espaço, tratei recentemente das narcossalas em razão da proliferação das cracolândias e da falta no país de políticas realistas para contrastar, sem violar direitos fundamentais, o fenômeno representado pelas drogas consideradas proibidas.
Diversos países obtiveram resultados positivos na redução da demanda de drogas ao se distanciarem da matriz proibicionista imposta por convenções das Nações Unidas pelos EUA e por Estados teocráticos que aplicam a traficantes pena de morte. Os Estados progressistas, de políticas inovadoras, cuidam da prevenção não como instrumento antidrogas, mas como desmotivador do uso. Mais ainda, promovem intervenções sanitárias, como por exemplo o “pill testing”, voltadas ao consumo mais responsável e menos danoso ao usuário e à sociedade em geral.
No Brasil, os resultados das políticas de FHC e Lula são os piores possíveis. E os responsáveis pelas políticas sobre drogas no governo Dilma são os mesmos de FHC e Lula. De país de trânsito de drogas provenientes da Colômbia, Peru e Bolívia, direcionadas à Europa, viramos praça de consumo e não conseguimos criar estímulos para dar respostas negativas aos apelos dirigidos ao consumo de drogas proibidas. No Brasil, por pressões das bancadas religiosas, os governantes fingem acreditar na utopia de uma sociedade sem drogas.
A Holanda adotou medidas ousadas. Em 1968, na cidade de Utrechet, por exemplo, autorizou-se o primeiro coffee-shop, de nome Sarasani, a vender cigarros de maconha a maiores de idade e com consumo no próprio estabelecimento. A meta era afastar o usuário do traficante, que se enfraqueceria financeiramente. Os cafés podiam comercializar até meio quilo por noite. Para uso terapêutico, admitiu-se o plantio de até cinco pés de maconha, bem como a venda em farmácias, e para infusão, de sachês com erva canábica.
O grande problema para o Ocidente ocorreu quando as drogas impuras, perigosas à saúde e de custo social alto (internações, redução de capacidade laborativa, mortes etc), entraram nos recintos das discotecas, das raves, dos shows e das festas populares. As autoridades sanitárias holandesas foram as primeiras a reagir e adotaram um sistema de testagens de drogas sintéticas. Isto foi feito do lado de fora das discotecas e no entorno dos eventos. O sistema holandês foi exitoso e logo seguido de experiências positivas em Viena (Áustria) e Hannover (Alemanha).
Grupo de jovens, na posse de kit de fácil emprego, realizaram testes químicos-toxicológicos nas drogas apresentadas voluntariamente pelos pretendentes ao uso. Após a testagem e sem apreensões, informava-se sobre os eventuais riscos. Além de dissuadir o portador da droga, os dados eram passados às autoridades de saúde e estas difundiam alertas sobre os lugares onde drogas impuras -muitas elaboradas em fundo de quintal e potencializador tirado de veneno de matar ratos - estavam sendo comercializadas.
O sistema ficou internacionalmente conhecido por “pill testing” e contribuiu, conforme estatísticas, para redução de muitas mortes e internações hospitalares. O sistema restou implantado em vários países por recomendação do Observatório Europeu, órgão da União Europeia sediado em Lisboa.
Na primeira experiência em Viena que tive a oportunidade de acompanhar em 1999, cerca de 750 jovens apresentaram as drogas portadas, e compradas como sendo ecstasy, para o “pill testing”. Os testes mostraram que muitas delas tinham potencial letal. Algumas eram misturas de PMA com 4MTA, ou seja, princípios ativos aniquiladores do sistema nervoso central. Em síntese, no mercado havia “droga-killer”.
Na Bélgica, após testagens, as autoridades pintavam ou marcavam paredes de estabelecimentos onde circulavam drogas impuras. O frequentador, ao notar o alerta, acabava cientificado sobre drogas impuras a circular naqueles ambientes. Hoje, os alertas em diversos países europeus que adotaram o “pill testing” como forma de redução de riscos e danos individuais ou sociais são feitos on-line ou por “SMS” nos aparelhos celulares.
Nas discotecas e festas brasileiras criou-se uma falsa relação de confiança e o usuário da “bala” (droga sintética) ou do “pó” (cocaína) acredita no traficante. Assim, corre-se risco de levar “gato por lebre”. Para se ter idéia da importância do sistema de “pill testing”, já foram detectados em países europeus derrames de drogas sintética - em pastilhas ou em pó para aspiração - do tipo TMA-2, um alucinógeno 10 vezes mais potente que a mescalina, e aditivadas com 2C-I, 2C-T-2, e 2C-T-7. Como efeitos colaterais, elas causam náuseas, vômitos, delírios, ataques de pânico, convulsões por forte depressão do sistema nervoso central. Também podem sufocar e matar pelo fechamento da glote.
PANO RÁPIDO: Chegou o momento de a presidenta Dilma revolucionar e, para isso, adotar políticas sociossanitárias que deram bons resultados em países progressistas.
Wálter Fanganiello Maierovitch
Diversos países obtiveram resultados positivos na redução da demanda de drogas ao se distanciarem da matriz proibicionista imposta por convenções das Nações Unidas pelos EUA e por Estados teocráticos que aplicam a traficantes pena de morte. Os Estados progressistas, de políticas inovadoras, cuidam da prevenção não como instrumento antidrogas, mas como desmotivador do uso. Mais ainda, promovem intervenções sanitárias, como por exemplo o “pill testing”, voltadas ao consumo mais responsável e menos danoso ao usuário e à sociedade em geral.
No Brasil, os resultados das políticas de FHC e Lula são os piores possíveis. E os responsáveis pelas políticas sobre drogas no governo Dilma são os mesmos de FHC e Lula. De país de trânsito de drogas provenientes da Colômbia, Peru e Bolívia, direcionadas à Europa, viramos praça de consumo e não conseguimos criar estímulos para dar respostas negativas aos apelos dirigidos ao consumo de drogas proibidas. No Brasil, por pressões das bancadas religiosas, os governantes fingem acreditar na utopia de uma sociedade sem drogas.
A Holanda adotou medidas ousadas. Em 1968, na cidade de Utrechet, por exemplo, autorizou-se o primeiro coffee-shop, de nome Sarasani, a vender cigarros de maconha a maiores de idade e com consumo no próprio estabelecimento. A meta era afastar o usuário do traficante, que se enfraqueceria financeiramente. Os cafés podiam comercializar até meio quilo por noite. Para uso terapêutico, admitiu-se o plantio de até cinco pés de maconha, bem como a venda em farmácias, e para infusão, de sachês com erva canábica.
O grande problema para o Ocidente ocorreu quando as drogas impuras, perigosas à saúde e de custo social alto (internações, redução de capacidade laborativa, mortes etc), entraram nos recintos das discotecas, das raves, dos shows e das festas populares. As autoridades sanitárias holandesas foram as primeiras a reagir e adotaram um sistema de testagens de drogas sintéticas. Isto foi feito do lado de fora das discotecas e no entorno dos eventos. O sistema holandês foi exitoso e logo seguido de experiências positivas em Viena (Áustria) e Hannover (Alemanha).
Grupo de jovens, na posse de kit de fácil emprego, realizaram testes químicos-toxicológicos nas drogas apresentadas voluntariamente pelos pretendentes ao uso. Após a testagem e sem apreensões, informava-se sobre os eventuais riscos. Além de dissuadir o portador da droga, os dados eram passados às autoridades de saúde e estas difundiam alertas sobre os lugares onde drogas impuras -muitas elaboradas em fundo de quintal e potencializador tirado de veneno de matar ratos - estavam sendo comercializadas.
O sistema ficou internacionalmente conhecido por “pill testing” e contribuiu, conforme estatísticas, para redução de muitas mortes e internações hospitalares. O sistema restou implantado em vários países por recomendação do Observatório Europeu, órgão da União Europeia sediado em Lisboa.
Na primeira experiência em Viena que tive a oportunidade de acompanhar em 1999, cerca de 750 jovens apresentaram as drogas portadas, e compradas como sendo ecstasy, para o “pill testing”. Os testes mostraram que muitas delas tinham potencial letal. Algumas eram misturas de PMA com 4MTA, ou seja, princípios ativos aniquiladores do sistema nervoso central. Em síntese, no mercado havia “droga-killer”.
Na Bélgica, após testagens, as autoridades pintavam ou marcavam paredes de estabelecimentos onde circulavam drogas impuras. O frequentador, ao notar o alerta, acabava cientificado sobre drogas impuras a circular naqueles ambientes. Hoje, os alertas em diversos países europeus que adotaram o “pill testing” como forma de redução de riscos e danos individuais ou sociais são feitos on-line ou por “SMS” nos aparelhos celulares.
Nas discotecas e festas brasileiras criou-se uma falsa relação de confiança e o usuário da “bala” (droga sintética) ou do “pó” (cocaína) acredita no traficante. Assim, corre-se risco de levar “gato por lebre”. Para se ter idéia da importância do sistema de “pill testing”, já foram detectados em países europeus derrames de drogas sintética - em pastilhas ou em pó para aspiração - do tipo TMA-2, um alucinógeno 10 vezes mais potente que a mescalina, e aditivadas com 2C-I, 2C-T-2, e 2C-T-7. Como efeitos colaterais, elas causam náuseas, vômitos, delírios, ataques de pânico, convulsões por forte depressão do sistema nervoso central. Também podem sufocar e matar pelo fechamento da glote.
PANO RÁPIDO: Chegou o momento de a presidenta Dilma revolucionar e, para isso, adotar políticas sociossanitárias que deram bons resultados em países progressistas.
Wálter Fanganiello Maierovitch
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