BEATRIZ MOTA
Rio de Janeiro
Baseado em histórias reais e com alto teor de humor, o espetáculo Monólogos da Marijuana alerta: não é um programa indicado a quem não admite nenhuma discussão sobre a maconha. Já montada em países como Estados Unidos, Portugal e Argentina, a polêmica peça ganha versão brasileira comandada pelo ator Marcos Winter e o diretor Emilio Gallo, que estreia dia 20 no Teatro dos Quatro, na Gávea.
Sem tom panfletário (eles juram), a peça mostra, por meio do discurso de três protagonistas - Felipe Cardoso e Stella Brajterman dividem a cena com Winter -, o caminho da droga no organismo, a comparação de seus efeitos nocivos com os do álcool e faz, ainda, uma reflexão sobre sua descriminalização. "Não é apologia, pois a gente satiriza os próprios usuários. Mostramos a erva como ela é, não tentamos maquiar dizendo que é um remédio dos deuses", diz Marcos Winter, recordando uma passagem abordada. "Vamos contar a história da maconha. Ninguém sabe, mas, até o final do século 19, 80% de todo o papel era feito de Cannabis. A Bíblia, por exemplo. A galera já fumou da Gênese ao Apocalipse faz tempo", brinca. A ideia é combater mentiras e verdades instituídas na sociedade sobre o assunto. "A hipocrisia é uma droga que faz mais mal do que a maconha. É uma p... mentira dizer que a maconha leva para outras drogas, como a cocaína", defende ele. O ator não teme qualquer represália ou reação negativa do público: "Por que não choca a ninguém saber que uma marca de bebida alcoólica patrocina a seleção brasileira na Copa?".
Criado no interior de São Paulo, Winter diz que sua própria visão sobre a droga foi modificada. "Sou de uma família humilde, filho da ditadura. Quando moleque, não podia ficar na esquina, a maconha era a droga do diabo", conta ele, que levará as filhas Maria Luiza, 14 anos, e Ana Clara, 12, para assistir à peça, proibida para menores de 18 anos.
O ator, que tem 43 anos, está afastado da TV desde a novela Vende-se um Véu de Noiva, do SBT, e faz mais uma revelação: "Estou desempregado. Minhas contas estão todas atrasadas. Fiquei cinco dos últimos sete anos sem renda. E já estou há sete meses assim de novo".
Bastidores do espetáculoFUMO ESPECIAL - A encenação é num hemp café, onde os atores representam três gerações de 'maconheiros'. "A gente optou por não fazer stand-up comedy, como em montagens estrangeiras. Seria um olho no olho, quase uma acusação", explica Emilio Gallo. Em cena, eles vão simular o ato de fumar com fumo especial feito para cigarro.
SEM PATROCÍNIO - Nenhuma empresa quis participar da polêmica. "Ninguém quer colocar a cara. A gente é absolutamente independente, inconsequente e inadimplente", diz Winter.
NO TELÃO - Serão projetadas as participações de Aderbal Freire Filho, Roberto Lopes e Aroeira.
Rio de Janeiro
Baseado em histórias reais e com alto teor de humor, o espetáculo Monólogos da Marijuana alerta: não é um programa indicado a quem não admite nenhuma discussão sobre a maconha. Já montada em países como Estados Unidos, Portugal e Argentina, a polêmica peça ganha versão brasileira comandada pelo ator Marcos Winter e o diretor Emilio Gallo, que estreia dia 20 no Teatro dos Quatro, na Gávea.
Sem tom panfletário (eles juram), a peça mostra, por meio do discurso de três protagonistas - Felipe Cardoso e Stella Brajterman dividem a cena com Winter -, o caminho da droga no organismo, a comparação de seus efeitos nocivos com os do álcool e faz, ainda, uma reflexão sobre sua descriminalização. "Não é apologia, pois a gente satiriza os próprios usuários. Mostramos a erva como ela é, não tentamos maquiar dizendo que é um remédio dos deuses", diz Marcos Winter, recordando uma passagem abordada. "Vamos contar a história da maconha. Ninguém sabe, mas, até o final do século 19, 80% de todo o papel era feito de Cannabis. A Bíblia, por exemplo. A galera já fumou da Gênese ao Apocalipse faz tempo", brinca. A ideia é combater mentiras e verdades instituídas na sociedade sobre o assunto. "A hipocrisia é uma droga que faz mais mal do que a maconha. É uma p... mentira dizer que a maconha leva para outras drogas, como a cocaína", defende ele. O ator não teme qualquer represália ou reação negativa do público: "Por que não choca a ninguém saber que uma marca de bebida alcoólica patrocina a seleção brasileira na Copa?".
Criado no interior de São Paulo, Winter diz que sua própria visão sobre a droga foi modificada. "Sou de uma família humilde, filho da ditadura. Quando moleque, não podia ficar na esquina, a maconha era a droga do diabo", conta ele, que levará as filhas Maria Luiza, 14 anos, e Ana Clara, 12, para assistir à peça, proibida para menores de 18 anos.
O ator, que tem 43 anos, está afastado da TV desde a novela Vende-se um Véu de Noiva, do SBT, e faz mais uma revelação: "Estou desempregado. Minhas contas estão todas atrasadas. Fiquei cinco dos últimos sete anos sem renda. E já estou há sete meses assim de novo".
Bastidores do espetáculoFUMO ESPECIAL - A encenação é num hemp café, onde os atores representam três gerações de 'maconheiros'. "A gente optou por não fazer stand-up comedy, como em montagens estrangeiras. Seria um olho no olho, quase uma acusação", explica Emilio Gallo. Em cena, eles vão simular o ato de fumar com fumo especial feito para cigarro.
SEM PATROCÍNIO - Nenhuma empresa quis participar da polêmica. "Ninguém quer colocar a cara. A gente é absolutamente independente, inconsequente e inadimplente", diz Winter.
NO TELÃO - Serão projetadas as participações de Aderbal Freire Filho, Roberto Lopes e Aroeira.
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