quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Presidente mexicano aponta legalização das drogas como solução

Wálter Fanganiello Maierovitch
Do blog "Sem fronteiras"

Felipe Calderón, sob odor de fraude, assumiu a presidência do México no dia 1º de dezembro de 2006.
À época, as pesquisas e a boca-de-urna apontavam vitória de López Obrador, já prefeito da capital e candidato da esquerda progressista.
Para tentar mudar esse quadro de desconfiança e aplacar a ira da oposição que falava em ilegitimidade do mandato, Calderón, com o apoio do então presidente norte-americano George W. Bush, anunciou, no mesmo 1º de dezembro de 2006, o início da "war on drugs" e, consequentemente, aos cartéis que as ofertavam dentro e fora do México.
Como a polícia mexicana estava quase toda corrompida pelos chefões dos cartéis, Calderón convocou o Exército e chegou até a desarmar a polícia.
Como num passe de mágica, os mexicanos, na sua grande maioria, apoiaram Calderón e esqueceram as fraudes eleitorais. Ninguém, na história mexicana, havia conseguido, em dias, transformar-se de suspeito de fraude em presidente legitimado popularmente. As maiores preocupações dos mexicanos, consoante pesquisa pré-eleitoral, eram a violência e as drogas ilegais.
A alta popularidade de Calderón, no entanto, despencou dois anos depois, ou seja, quando civis inocentes viraram as principais vítimas da "war on drugs" de matriz norte-americana e importada por Calderon.
O primeiro grande fracasso de Calderón foi o Plan Mérida, desenhado pela CIA e DEA (agências norte-americana de espionagens política e de drogas) e executado com dinheiro disponibilizado por George W.Bush.
Hoje, com a aventura da "war on drugas", o México contabiliza 42.000 mortes e mais de 70% das vítimas são de civis, sem ligações com o narcotráfico. Cerca de 50% não possuíam registro criminal e os outros 20% nenhum antecedente criminal relacionado com as drogas proibidas.
A popularidade de Calderón despencou e a aprovação ao seu governo passou a ser uma das piores da história do seu país. Em resumo, Calderón ainda pensa se sairá candidato à reeleição. No momento, ele sabe que não conseguiria se eleger síndico de prédio.
Hoje, em Nova York onde se encontra para participar da Assembléia Geral das Nações Unidas, Calderón disse que a legalização será a saída para desfalcar e acabar com os cartéis de drogas: - "Vivemos no mesmo edifício. Mas, o nosso vizinho (referência aos EUA) e o maior consumidor mundial de drogas. E todos podem ver a droga passando por meio das nossas janelas", disse Calderón em discurso na Américas Society of New York.
Em busca de um culpado para apresentar aos eleitores mexicanos, Calderon aponta os EUA como a origem do problema. Para isso, usa o velho discurso, - já usado pelo então governador Antony Garotinho no Rio de Janeiro -, de que sem consumo não há oferta. Esse truísmo pode ser completado "com o sem oferta não haveria consumo". Mais, sem insumos químicos não ocorreria a transformação da folha de coca em cloridrato de cocaína (pó).
Ao falar que o México poderá legalizar a droga para enfraquecer a criminalidade organizada, Calderón esqueceu de explicar como será o seu projeto de legalização.

Pano Rápido. Para Calderón e depois de quase cinco anos de guerra, mortes e descrédito do Exército, a legalização é a tábua de salvação na busca de um segundo mandato.

No Brasil, Fernando Henrique Cardoso, que no poder foi adepto do modelo norte-americano de repressão ao consumidor, trocou discurso depois da reeleição de Lula e em busca de um palanque internacional.
Com efeito, essa gente é capaz de tudo para enganar os eleitores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário