O apreciador de vinho sempre dá uma olhada, antes de comprar, no rótulo da garrafa. Isto para verificar se existe o carimbo “DO” (Denominação de Origem-região específica) ou “DOC” (Denominação de Origem Controlada). Segundo contam os especialistas em vinho, os dois expediente, “DO” e “DOC” tranqüilizam o consumidor, que já foi muito enganado.
Na França, todo o policial e consumidor acreditam que a maconha, o haxixe, o óleo e o queijo de haxixe disponibilizados no mercado interno do país são originários do Marrocos. Não pelo “DO” ou “DOC”, mas porque o Marrocos, que tem o seu produto interno bruto (PIB) dependente da erva canábica, é o maior produtor mundial.
Para se ter idéia, o Marrocos atende a 30% do consumo mundial e, só para Europa, é responsável por 80% do ofertado.
A produção marroquina anual é estimada em 2.700 toneladas. Só no Vale do RIF são cultivados 120.500 hectares e mais de 96 mil famílias estão envolvidas e dependem da produção da erva, do haxixe e do óleo.
Como as máfias não observam limitações de fronteiras e são precursoras do Tratado de Maastricht (criou o Mercado Comum Europeu) as drogas proibidas ofertadas estão cada vez mais misturadas e impuras. A certeza dos franceses não mais se sustenta quanto ao consumo de produto canábico marroquino. Por outro lado, as máfias ainda não usam o “DO” e o “DOC”.
Com efeito. Um grupo de cientistas autralianos desenvolveu uma técnica que consegue, com relação ao chá, maconha, coca e heroína, identificar o país e a região de origem. Assim, a referida técnica poderá ajudar as autoridades na repressão e melhorar os dados recolhidos pelos observatórios internacionais, como, por exemplo, o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência.
O grupo australiano trabalhou apenas com amostras de chá. Trata-se de grupo da Universidade da Austrália Ocidental e que se dedica à química analítica e forense.
Segundo o estudo produzido, “a técnica chamada ‘geographical provenancing’, além de assegurar qualidade e autenticidade dos produtos, poderá servir para identificar a origem de drogas como cannabis, heroína e coca”.
O professor John Waltling, responsável pelo grupo de pesquisadores, declarou em entrevista: “Analisamos o chá porque a polícia alfandegária não nos permitiu importar cannabis, coca e heroína. Desejamos deixar claro que é possível analisar um produto natural e descobrir as origens. Já temos a ‘ impressão digital’ de plantações de chá da Índia e de outros países do mundo”
Pano Rápido. Para o professor Walting, o grande valor da pesquisa é o de fornecer precioso dado científico a ajudar na repressão ao tráfico ilegal de drogas.
Referido professor frisou, com relação à identificação da origem, que a “planta absorve matérias do solo (ou da solução hidropônica se é cultivada artificialmente). Também nela conterá o indicativo de um elemento do fertilizante empregado, ou à geologia e tipo de solo, etc, etc”. Com igual técnica, prossegue o professor, pode-se demonstrar que a heroína, ou a coca, ou a maconha, vêm de uma particular região geográfica.
—Wálter Fanganiello Maierovitch–
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