terça-feira, 17 de novembro de 2009

Filme com FHC divide opiniões entre tucanos

O DIA
Há quem critique e quem apoie a participação do ex-presidente em entrevistas em morro do Rio para abrir discussão sobre as drogas
POR THIAGO PRADO, RIO DE JANEIRO
Rio - A nova empreitada do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir a questão das drogas criou uma espécie de racha no PSDB do Rio. Companheiros de partido se dividiram ao comentar a participação de FHC no documentário ‘Rompendo o silêncio’, que será dirigido pelo cineasta Fernando Andrade. O filme será estrelado pelo maior líder tucano do País, que é favorável à descriminalização da maconha. Moradores de favelas e vítimas de balas perdidas serão entrevistados pela produção. O deputado federal Marcelo Itagiba, recém-filiado ao PSDB, é o parlamentar com críticas mais pesadas à participação de FHC no documentário: “As pessoas começam a querer navegar em ondas e modismos. Esta é uma visão muito romântica. Agora que ele não tem mais responsabilidade como governante, é mais fácil. Não vi liberação dar certo em nenhum lugar do mundo”. O deputado federal Otávio Leite afirma que FHC tem legitimidade para debater qualquer coisa, mas que outros assuntos são mais importantes: “Respeito o ex-presidente, é um homem maduro. Mas mais importante que isso é discutir a desigualdade social no Brasil”, afirmou o parlamentar, que considera ‘equilibrada’ a atual legislação brasileira sobre as drogas. O presidente do PSDB no Rio, deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, acredita que o ex-presidente está certo em trazer à tona a discussão. Ele, no entanto, prefere não tornar pública a sua posição sobre o tema: “É fundamental o debate. Quero saber o que pensam a nível local e internacional”, afirmou o tucano. “FHC quer fazer o mesmo que Al Gore”Para Marcelo Itagiba, FHC está querendo fazer o mesmo que Al Gore, ex-vice-presidente norte-americano, que participou do filme ‘Uma Verdade Inconveniente’, sobre o aquecimento global). “Quem quer qualquer liberação é uma meia dúzia de burgueses”, ataca o deputado. Também participará do filme o ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter. Cenas já foram gravadas em São Paulo, EUA e Europa. Como vários trechos do documentário serão filmados dentro de favelas, a vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB) se mostra preocupada com o possível contato entre produtores e bandidos. “Na Rocinha, eu entro e saio da favela sem precisar pedir autorização de ninguém”, comentou a parlamentar, que apoia a iniciativa. O cineasta Fernando Andrade garante que não haverá a participação de criminosos. Ele ainda não definiu como entrará em favelas dominadas pelo tráfico.Ex-presidente é contra punir o usuárioDespenalização, descriminalização e legalização das drogas. As palavras se parecem, mas os conceitos são diferentes. Hoje, no Brasil, o usuário flagrado com pequena quantidade não é preso. No entanto, é levado a, por exemplo, prestar serviços comunitários — ‘punição’ que FHC combate. A liberação da venda de drogas o ex-presidente ainda não defendeu. No Congresso, há ideias endurecendo e flexibilizando a legislação. O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) apresentará até dezembro projeto sobre a legalização do plantio de maconha. Já o senador Gerson Camata (PMDB-ES) propõe a prisão de usuários.

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