Sem fronteiras
11 de agosto de 2009
Obama diverge do presidente mexicano sobre a Guerra às Drogas, no encerramento do encontro dos líderes da América do Norte
Guerra às Drogas.
Ontem, no último dia do encontro entre os líderes da América do Norte (EUA, Canadá e México), ficou claro que o presidente Barack Obama diverge do presidente mexicano sobre a política de War on Drugs. O presidente Felipe Calderón segue a linha W. Bush e desde o seu primeiro dia de mandato, ou seja, em 1 de dezembro de 2006.
Ao contrário do noticiado em publicações brasileiras, Obama — na Summit de Guadalajara, que começou no domingo e terminou ontem — jamais daria apoio à aventura de Calderón.
Não seria Obama estulto a ponto de dar apoio a uma política militarizada que, no arco de ano e meio, matou mais de 7.700 mexicanos: entre as vítimas um porcentual superior a 70% não tinha nenhuma ligação com o narcotráfico.
De W. Bush, o presidente Calderón recebeu US$ 720 milhões, empregados no Plan Mérida, ou seja, uma adaptação menos ousada do falido Plan Colombia.
O resultado, em 2008, da War on Drugs de Calderón e Bush foi trágico: 5.600 mortos. Hoje, o número de mortes cresceu para 7.700.
Para se ter idéia da violência, no penúltimo fim de semana de encerramento do mês de julho passado morreram 20 pessoas em Ciudad de Juárez (fronteira com a americana El Paso, no Texas). Como sucede desde o início da Guerra às Drogas no México, a maior parte das vítimas era de civis inocentes.
Até agora, os cartéis mexicanos vencem, de goleada, a War on Drugs e a população já retirou o apoio inicial dado a Calderón, em face dos catastróficos resultados.
Uma conversa reservada, de 20 minutos, foi suficiente para Obama abrir o jogo. E dizer a Calderón — como já havia antecipado o czar antidrogas da Casa Branca, ao frisar que a War on Drugs representava uma política equivocada — que ele precisava mudar de linha.
Como pá de cal, Barack avisou a Calderón que não era favorável à derrubada da proibição da volta de circulação de ônibus em pontos da fronteira entre os dois países, objeto de vedação.
O encontro de Guadalajara, entre os três líderes, cuidou de outros temas voltados para alavancar o North American Free Trade Agreement (Nafta).
O premier Stephen Harper, como divulgaram os jornais canadenses, acompanhou com atenção a exposição de Obama, que deu prioridade às questões sanitárias, pois a epidemia chamada gripe suína atingiu pesadamente o vizinho México e os EUA.
Para analistas, a summit acabou sendo teórica. E a divergência acabou vista como jogada de mestre de Obama, que não quer ser tingido pelo sangue de inocentes mexicanos.
A questão da Aliança para a Segurança e Prosperidade na América do Norte (Aspan) ficou para aprofundamento num futuro próximo.
Sobre o combate ao narcotráfico e aos potentes cartéis mexicanos, Obama falou da necessidade de medidas de contraste, mas, na conversa reservada, avisou que não iria coonestar com a sangrenta linha Bush-Calderón.
PANO RÁPIDO. Obama ainda não deixou claro sobre qual será no seu governo a política sobre as drogas ilícitas. O anterior democrata, Bill Clinton, deixou nas mãos de um republicano, ou seja, o general Barry McCafrey, que produziu o militarizado Plan Colombia.
O que se percebe, até agora, é que, com as sete bases militares a serem instaladas na Colômbia, a linha militarizada prosseguirá, como nos tempos de Bush e Uribe. Pelo menos com relação à Colômbia.
Não devemos esquecer, como já colocado em outros comentários, que a Guerra às Drogas serve para camuflar interesses geopolíticos, geoestratégicos e geoeconômicos.
–Wálter Fanganiello Maierovitch–
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